B.
Alan Wallace em seu livro: Mente em equilíbrio diz que: “A origem da palavra “meditação” pode ser identificada na raiz verbal
indo-europeia “med”, que significa “considerar” ou “medir”. No cristianismo
primitivo, a meditação era um meio experiencial de adquirir discernimento
direto, contemplativo, sobre a natureza da realidade. Mas na escolástica
medieval e na filosofia moderna, a meditação foi reduzida a considerações
racionais, introspectivas. Tendo em vista compreender o universo externo da
matéria, a ciência elaborou suas próprias “meditações” sob a forma de medições
de processos físicos que podem ser confirmadas por todos os observadores
competentes”. Quando pensamos na perspectiva do Cristianismo primitivo,
aonde entende-se a meditação como um meio experiencial de adquirir
discernimento direto, contemplativo sobre a natureza da realidade, vemos que
essa também forma epistémica de investigar a realidade, foi deixada ao
descrédito conforme as ciências naturais avançavam. Até certo ponto, podemos
entender que essa “boa nova” alicerçada pela metodologia empírica e
experimental conforme iam tendo resultados com fatos comprováveis e
reprodutíveis, foi de certa maneira esperado, e até mesmo natural, o
distanciamento de uma proposta de investigação da realidade que não trazia
resultados de maneira tão concretos, físicos. Em outras palavras, até certo
ponto é compreensível que em um mundo permeado pela natureza e os estímulos
externos a nossa volta e por todo aparato biológico-sensorial que carregamos
evolutivamente para experimentá-la, é esperado que fiquemos mais convencidos
com aquilo que se apresenta de forma objetiva do que aquilo que se apresenta
dentro do espectro da subjetividade, ou daquilo que sabemos que ocorre algum
tipo de fenômeno, mas por algum motivo, não conseguimos provar e reproduzir
sempre que queremos ou não temos os meios ou recursos para demonstrá-los (fato
muito comum, relatado pelos praticantes de meditação e pelas pessoas que
trabalham com curas energéticas e espirituais). Penso ser uma batalha perdida e
injusta, quando tentamos eleger como base epistémica a introspecção meditativa
como forma de investigar a natureza da mente, tendo essa forma de abordagem a
obrigatória subordinação a bases epistémicas que só colocam algo dentro do
espectro da realidade, se esse algo for de ordem material-física-biológica.
Quando comparamos às ciências da introspecção meditativa ou mesmo as ciência
humanas que lidam no espectro da subjetividade com às ciências naturais,
justamente pelo fato destas serem mais convincentes no que diz respeito “a
provar fisicamente” os seus resultados aos olhos nus (nossos sentidos
sensoriais), vemos simplesmente que se trata aqui, de uma concorrência
inexistente e que já têm os seus vencedores. Quando pensamos nas bases
epistémicas que alicerçam o seu “modus operandis” a partir das ciências
naturais que a todo momento, procuram o correlato de seus experimentos em
provas matérias e objetivas se comparados a bases epistémicas que lidam com a
dimensão do humano-subjetivo ou mesmo do não físico, como as tradições
espirituais, vemos que essas últimas, tendem a ficar em completa desvantagem,
pois o parâmetro para o que classificamos como verdade, tendo apenas a
resultante física dos experimentos, faz com que nessa linha de raciocínio, não
há espaço para variáveis humanas-subjetivas e não-físicas espirituais como
elementos a serem investigados e também serem variáveis a serem consideradas
dentro de qualquer tipo de experimento, por isso, reafirmo, ser uma batalha
perdida e injusta, aonde temos claramente um vencedor bem delineado que será o
narrador do que pode ser cientificamente comprovado ou não, ou seja, o jogo
institucional científico já está montando e com esses, seus vencedores já
ocupam seus respectivos pódios, antes mesmo da corrida começar! Na realidade, a
corrida, é apenas uma distração, para acreditarmos que existe um vencedor
justo!
@professormichelalves
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