quinta-feira, 27 de julho de 2023

Não temos como provar que fenômenos mentais em sua origem são derivados de fenômenos neurais, mas apenas que fenômenos neurais específicos apontam para possíveis fenômenos mentais específicos


Alan Wallace diz:

Muitos neurocientistas acreditam que os processos mentais se originam no cérebro como propriedades emergentes. Uma propriedade emergente surge de uma grande configuração de componentes, mas não está presente em nenhuma dessas partes individualmente. Por exemplo, uma molécula individual de H2O em temperatura ambiente não é fluida. Mas um grande conjunto de moléculas de água mostra a propriedade da fluidez. A fluidez é uma propriedade física bem-compreendida, que é facilmente medida com os instrumentos da tecnologia. Da mesma maneira, muitas propriedades emergentes de entidades físicas são elas próprias físicas e podem ser medidas, como fluxo sanguíneo e mudanças elétricas e químicas dentro do cérebro. Os processos mentais, ao contrário, não possuem propriedades físicas e não podem ser, sob qualquer forma, objetivamente medidos. Já que são radicalmente diferentes de quaisquer outras propriedades emergentes que surgem no mundo físico, parece haver pouca justificativa para encará-los como propriedades emergentes de qualquer entidade física. Alguns neurocientistas, contudo, negligenciam esses problemas e talvez inadvertidamente deixem a questão obscura ao declarar simplesmente que os processos mentais são a mesma coisa que suas bases neurais. É uma hipótese plausível, mas nunca foi demonstrada de modo científico. Portanto, é intelectualmente desonesto defender isto como conclusão científica; no presente não é nada mais que uma opinião não verificada. Existe aqui um perigo de verdadeira degeneração da ciência em pseudociência. Uma das características da pseudociência é que ela tenta provar que uma hipótese é verdadeira, em vez de investigar se é verdadeira. A pressuposição de que a hipótese é verdadeira e só precisa ser posta à prova substitui a abertura mental que caracteriza o método científico. Assim, muitos neurocientistas adotaram exatamente essa abordagem pseudocientífica tentando provar que, as experiências subjetivas podem ser plenamente compreendidas sob a ótica de processos físicos dentro do cérebro. Lembremos que, na Europa do século XVII, era crença generalizada que a alma tinha atributos tanto sobrenaturais quanto naturais. Em sua insistência em compreender a mente humana como uma entidade puramente natural, os cientistas a trataram como se ela devesse ser física, embora ela não apresente atributos físicos e não possa ser detectada por qualquer instrumento físico. É um problema central para todo o estudo científico da mente, que ainda tem de ser resolvido”.

Lembro-me quando estudando na graduação em psicologia, na disciplina de Neuropsicologia, um professor afirmara através de alguns estudos, aonde mostrando correlatos entre pensamentos e respostas neurais a esses em determinadas áreas do cérebro, afirmando então que tais achados tratavam-se de um autêntico caso que comprovava que a manifestação de fenômenos mentais como pensamentos, emoções e imaginação, eram na realidade causados por fenômenos biológicos, portanto, entendendo os fenômenos mentais como biológicos!

Olhando para aqueles gráficos e planos cartesianos com dados mostrando as correlações neurais entre o cérebro e os fenômenos mentais como emoções e sentimentos que se relacionavam as áreas cerebrais estimuladas, eu ficava me perguntando: Como esses dados, podem ser considerados enquanto algum tipo de indício que através destes, explicaríamos a mente e suas instâncias fenomenológicas? Como seriam possíveis que redes neurais muito bem observadas e constatadas, por terem sido observadas os seus correlatos com fenômenos mentais, nos garantiria afirmar que estamos diante da gênese das manifestações mentais como o pensamento e a imaginação? Também me ocorria, o porque os neurocientistas não estavam se perguntando se talvez a partir de uma intenção da mente como por exemplo: o ato de pensar sobre algo; entendendo então, que essa intenção mental talvez não poderia ser uma instância fenomênica anterior a qualquer tipo de correlato neural ou mesmo fisiológico e então, aquilo que conseguimos observar no cérebro seria apenas a consequência do que nada mais que a tradução “grosseira” fisiológica, dessas intenções mentais anteriores? 

Da mesma forma que não temos como afirmar, embora existam neurocientistas que ousam dizer que os correlatos neurais são a prova material, física, para os nossos pensamentos, o que temos de factual e o máximo que podemos dizer por enquanto, é que quando pensamos, determinadas regiões neurais são ativadas, porém, também não podemos afirmar que a mente é anterior a manifestação física e portanto, se trata aqui de um ente não biológica aonde todos fenômenos da mente, acontecem primeiro, nesse lugar “anterior” que só depois será traduzido em processos neurais dos quais poderemos identificar com os nossos instrumentos de medição. Nesse impasse, é que a Neurofenomenologia através de Varella, vai questionar as correlações interdependentes entre os fenômenos mentais e os biológicos, entendendo essas duas instâncias não como separadas e excludentes, mas sim como fenômenos correlatos.

Tentando sermos o mais intelectualmente honesto possível, assim como os neurocientistas ou os materialistas não duais podem ter fortes inclinações a se convencerem que a mente é algo da ordem biológica no cérebro, os mentalistas dualistas também podem ter fortes inclinações para conjecturarem que a mente não é da ordem física e portanto anterior aos processos neurais. Se ambos os lados permitem-se dialogar, temos uma prática honesta do exercício intelectual científico e não estamos aferindo afirmações que não conseguimos sustentar com comprovações, ou seja, não praticamos atos de pseudociência assim como muitos mentalistas ou espiritualistas o fazem, ao afirmarem que os fenômenos mentais são fenômenos inquestionavelmente não físicos ou seja, espirituais, enquanto que os neurocientistas assim como psicólogos o fazem ao afirmar, que a ativação de determinadas redes neurais é a prova cabal de que os pensamentos, a imaginação entre outros fenomenologias mentais, são da ordem natural.

No entanto, existe aqui um ponto que entendo que deveríamos refletir com mais atenção: Quando afirmo que assim como os cientistas materialistas não duais não terem como afirmar que as origens da natureza da mente são as redes neurais que eles identificam nos cérebros observados através de imagens, pois isso é obviamente um indício insuficiente para tal afirmação e que do contrário, quando os mentalistas-dualistas afirmam que a mente é algo não material e ponto, temos aqui, um empasse, aonde ambos não podem provar de fato a origem e a natureza da mente, se essa é de ordem material-biológica ou se essa é de ordem não biológica, portanto não-física, imaterial ou espiritual.

 

Um impasse epistemológico para se investigar a natureza da mente

Quando proponho olharmos para esse dilema, também não o entendo como uma questão encerrada, pelo fato de que para explicar o nosso objeto de investigação “a mente e suas fenomenologias” em ambas as análises defrontamo-nos com a incapacidade de afirmar se ela é física ou não, quando nesse caso, estamos alicerçados em bases epistemológicas naturais como referência para termos a comprovação da materialidade enquanto forma de encerrar a chamada “questão difícil da consciência”, mas o ponto é: se a mente for de origem material e para aferirmos como material tudo aquilo que tem massa e densidade e que portanto ocupa lugar no espaço , teríamos que ter como sustentação esse paradigma da física clássica Newtoniana, porém, a própria noção de matéria a luz da mecânica quântica não compreende esse fenômeno aos mesmos moldes paradigmáticos, nesse sentido, se um tipo de narrativa epistémica confina a noção de matéria em algo que ocupa esse espaço e a mente ser um tipo de manifestação dessa forma de se entender matéria, apenas ainda não descobrimos enquanto tal, pelo fato de não termos detectado a “matéria-mente” com nossos instrumentos de aferir a realidade.

No entanto, se assim ela for, tudo é uma questão de tempo, não é mesmo! No passado, não sabíamos da existência das bactérias e dos vírus por exemplo, porém, se o fenômeno mental de fato não for um fenômeno físico, então, nunca a encontraríamos tentando medir algo que não pode ser medido. Diante desse impasse, como iremos então, provar aos moldes de epistemologias e paradigmas que alicerçam a sua investigação da realidade em provas e fatos materiais newtonianos se seu objeto de investigação não forem dessa natureza?

Teríamos aqui alguma possibilidade de encerrar essa questão? E já respondo, obviamente que não, pois entramos em uma contradição: Como iremos provar fisicamente, algo que talvez em sua origem não seja físico, impossível! Diante destas questões e dessa contradição evidente, penso que os cientistas e psicólogos que se coloquem a investigar a natureza da mente por uma base epistémica aonde leva em consideração uma instância não material da vida como talvez seja a mente, reduzindo-a apenas a fenômenos materiais como uma única forma possível de existência, é o mesmo que comprarmos uma blusa para uma criança de 2 anos querendo que essa blusa, sirva a um adulto de 20 anos, isso não faz sentido algum, não serve!

Devido a estas premissas e reduções constitutivas as ciências que deveriam estar estudando a mente ou o psiquismo como é o caso das psicologias, exceto em casos isolados como Carl Gustav Jung que compreende o psiquismo como uma ordem de funcionamento e evolução por caminhos distintos ou complementares ao curso de evolução biológica dos organismos aonde ele fundamenta em seu conceito de inconsciente coletivo, ou William James que entendia a psicologia como a ciência da vida mental e que para isso, deveríamos estudar a nós mesmos para entende-la; casos estes a parte, em sua grande maioria, as psicologias e as neurociências reduzem fenômenos mentais a fenômenos químicos, físicos, biológicos ou quando restrito às áreas humanas, reduzem-nos às idiossincrasias manifestas pelos indivíduos diante de suas contingências sociais, culturais, históricas e etecetera.

Quando uma base epistemológica passa a ser subserviente a uma outra base epistemológica onde as duas partem de premissas paradigmáticas distintas, porém não refutáveis, incorremo-nos em um explícito exemplo de legitimação de narrativas que por algum motivo são colocadas como hegemônicas. A título de exemplo, a maneira como as ciências humanas, as ciências naturais e as ciências introspectivas Iogues irão investigar a natureza da mente, nos mostram que estas distintas epistemológicas não iram investigar o “objeto mente” da mesma forma, assim como as suas incursões sobre o mesmo, trará caminhos investigativos e olhares particulares que ao final, poderão ou não ter semelhanças ou comprovações em comum. Fato, é que o lugar comum e o incomum a partir de bases epistémicas distintas tenderão a ocorrer ao longo de suas respectivas investigações.

Nesse sentido, penso que se estas distintas bases epistémicas, aonde uma destas venha a tornar-se uma espécie de vigia ou balizadora sobre a outra, o que teremos ao longo das investigações científicas de um determinado objeto, será sempre alguma forma de censura, não deixando que olhemos para o objeto de investigação, mesmo que comum a estas distintas epistemologias, a partir do seu próprio prisma, pois nesse caso, o olhar estará sempre enviesado. Fenômeno esse que é muito comum nas áreas da saúde, aonde o discurso biomédico comumente é visto como principal e mais relevante para se compreender os fenômenos da saúde e da doença, seja ela do ponto de vista físico ou psicológico quando pensamos no saber psicopatológico se sobrepondo a narrativas humanas, fenomenológicas, existenciais, psicanalíticas, das abordagens integrativas entre outras.  

De modo geral e dominante, quero ressaltar que as ciências naturais não estão olhando para determinados objetos de nossa investigação comum, como no caso da natureza da mente, a partir de outros modelos explicativos e saberes epistémicos distintos às suas abordagens científicas dominantes. É justamente nesse ponto, que volto a trazer o conflito e a castração que existe quando chegamos na contradição onde os cientistas que investigam a natureza da mente a partir de epistemologias introspectivas ou fenomenológicas entendem que a um caminho possível a investiga-la que não seja reduzindo-a a fenômenos biológicos, porém, quando para isso, são obrigados a construir provas físicas do que para eles entende-se tratar de um fenômeno não físico, são simplesmente renegados há um tipo de empreitada perdida e sem futuro. Intelectualmente, isso não faz sentido algum!

Não estamos em pé de igualdade com as ciências do físico, que precisam provar o físico, pois estas têm a chance de provar ou não, porém, se tratando de uma base epistemológica que contempla a realidade de alguns fenômenos como por exemplo o da mente, entendendo-os como algo talvez de ordem não física, ou seja, fenomenológico- espiritual-energético, não se têm esse espaço dentro das ciências para falarmos de algo que não é possível de ser quantificável e mensurável, por entender-se que nas ciências naturais ou qualquer base epistemológica materialista, tornar-se a completamente intolerável qualquer tipo de discussão que seja de ordem do não físico ou do espiritual-energético, pois tal condição nos coloca impotentes diante do fato de não conseguirmos mensura-las.

Comumente, as tentativas de se debater sobre entes não físicas ou espirituais dentro do campo das neurociências e das psicologias tendem a tornarem-se marginais e quando são em caso excepcionais a tais ideias, limitam-nas, deixando a cabo dos estudos da filosofia ou da pesquisa de estudo filosófico comparado entre as religiões, porém, raros são os esforços das investigações introspectivas em primeira pessoa entre os cientistas naturais, filósofos e psicólogos ocidentais. Até mesmo quando Edmund Husserl traz o conceito de “redução fenomenológica” como uma forma de atitude psíquica aonde o sujeito se coloca a observar os fenômenos da realidade a partir de um lugar não enviesado por seus pré-conceitos ou construções sobre o objeto que se esteja contemplando, para então, a partir dessa atitude de redução fenomenológica poder-se alcançar um estado mais “natural” de compreensão das coisas, não fora entendido ao meu ver, pelos seus sucessores, principalmente na psicologia, que utilizaram-se das ideias de Husserl para fundamentarem preceitos da psicologia fenomenológica, porém, deixando de lado um conceito tão importante como o da redução fenomenológica do ponto de vista introspectivo-contemplativo.

Ao meu entender, a redução fenomenológica de Husserl, não foi epistemologicamente assimilada pelos seus sucessores dentro das diferentes vertentes das psicologias fenomenológicas que se seguiram, assim como pelas ciências naturais, pelo fato de que tal ideia, abriria precedentes para a investigação introspectiva em primeira pessoa, semelhante a proposta de James, assim como tradicionalmente praticada pelos Iogues orientais.    

A boa notícia que temos, é que felizmente parte das ciências Iogues orientais e em algumas também de matriz ocidental, conservaram-se suas práticas e bases epistémicas distintas no que diz respeito à investigação da natureza da mente ou de realidades não quantificáveis e mesuráveis materialmente falando, mas sim, interiormente através de seus métodos meditativos que colocam a observação in loco da própria mente através de métodos de introspectivos como as técnicas meditativas budistas de Shamata que tem como objetivo alcançar a estabilidade dos fluxos mentais que ocorrem incessantemente em nossa mente ou campo da consciência e os de  Vipassana entre outros, que tem como objetivo investigar a própria natureza dos fenômenos mentais a partir desse observador em primeira pessoa.

Felizmente, todos esses métodos, seguem permanecendo acessíveis a nós a milhares de anos, mesmo que em vários e diferentes momentos históricos, foram severamente combativos, ora por governos autoritários que temiam a amplitude de consciência que tais métodos despertam em seus praticantes, como podemos ver no Holocausto Tibetano na década de 50 pela governo popular Chinês de Mao Tsé-Tung, seja pelas violências epistemológicas que as ciências e metodologias espirituais vem sofrendo desde o nascimento e consolidação hegemônica das ciências materialistas naturais no imaginário das pessoas principalmente no mundo ocidental.

Tais métodos, permanecem até hoje, mesmo diante de todos esses impactos, como uma possibilidade de nos aprofundarmos em seus estudos e práticas, tendo comumente resultados óbvios e evidentes com relação ao impacto que tais conhecimentos promovem em seus praticantes, cultura, sociedades, história e todo impacto positivo que tais métodos causaram em seus povos. Me refiro aqui especificamente, a sociedades aonde a Meditação como no caso da Tibetana, após a chegada do Budismo em seu país, tais métodos tiveram enorme influência na construção de uma sociedade aonde seus indivíduos em grande parte viviam suas vidas em harmonia com a natureza e de forma virtuosa, espiritual e eticamente falando, incomparáveis a qualquer precedente nas sociedades antigas e capitalistas contemporâneas.  

Não sei se existem estudos comparativos, pois desconheço algum dessa natureza, que compare os impactos nos sujeitos que se submetem a um treinamento formal como os de monges budistas para se tornarem lamas (professores do Dharma) e o de estudantes de psicologias com suas respectivas psicoterapias em curso, e vermos o resultado em termos de compreensão de si ou autoconhecimento, no que diz respeito, a forma como essas populações de monges e psicólogos, lidam de forma madura ou não com suas próprias questões existenciais, e mesmo a forma como lidam com as próprias adversidades da vida. Porém, acredito que teríamos boas surpresas em compararmos essas duas populações em termos humanos, éticos e do sujeito compreender a si próprio e seu papel no mundo, aonde um estudante de Psicologia se tornando Psicólogo e um Monge budista se tornando Lama.

Qual das populações se tornaria mais madura e sábia em termos internos, humanos e psicologicamente falando? Qual dessas populações, teriam mais sucesso em relação a ajudar os seus praticantes a desenvolveram uma maior capacidade de se compreenderem enquanto seres no mundo e todas as complexidades existenciais, humanas e fenomenológicas que lhes atravessam? Deixo aqui, apontamentos, para essa possível investigação de cunho social, psicológico, humano, existencial, fenomenológico, histórico, antropológico, cultural, político e espiritual que tais investigações podem implicar.

Para além, dessa provocação investigativa de cunho psicológico-social entre populações de psicólogos ocidentais e de Iogues contemplativos que investigam enquanto objeto comum, a natureza da mente ou do psiquismo e suas contingências, o que mais me chama atenção, é pensarmos que essas outras bases epistémicas das ciências Iogues que pesquisam a mente a partir de uma base fenomenológica, não material, não física e por estarem a milhares de anos em andamento, nos conferem um boa fortuna em termos de acumulo de práticas devido ao campo amostral enorme e sem precedentes comparados aos métodos psicoterápicos e investigativos quanto a mente e o que essa vem a ser.

Considero ser importante para que possamos também abrir nossas mentes a entender de fato, o que estas outras formas de epistemologias tem a nos ensinar, seja em relação aos seus métodos, abordagens, teorias, práticas e o que de fato estas possam compreender sobre os fenômenos comuns dos quais ocidente e oriente veem investigando de maneiras tão opostas, como é o caso da natureza da mente. Penso, que os Iogues e os contemplativos de um modo geral, tem muito a nos ensinar!

                                                                                                                   @professormichelalves

 

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