Alan Wallace diz em seu
livro, Mente em Equilíbrio: “A palavra
ciência se origina da raiz verbal indo-europeia Sker, que significa “cortar” ou
“separar” e, sob a orientação de Descartes, a ciência moderna começou a traçar
uma fronteira nítida, separando o mundo objetivo do universo físico dos mundos
subjetivos da experiência pessoal dos indivíduos. Ao fazer esta separação
absoluta entre o mundo físico objetivo e o mundo subjetivo da mente, Descartes,
com efeito, passou o mundo material para os cientistas e deixou o mundo
subjetivo para os filósofos e teólogos. Desde o tempo de Galileu e Descartes,
gerações de físicos e biólogos seguiram essa distinção e conseguiram
extraordinário progresso na medida e na compreensão de realidades objetivas,
físicas quantificáveis. De fato, nas últimas décadas do século XIX, muitos
físicos acreditavam que sua compreensão do mundo físico estava completa e
perfeita em todos os aspectos principais. Mas a compreensão filosófica das
realidades mentais – incluindo pensamentos, imagens, imagens mentais, emoções,
desejos, dramas e a própria consciência – não fizera progressão comparável. Os
cientistas tinham descoberto métodos eficientes com os quais “meditar” ou medir
coisas físicas objetivas, mas os filósofos não tinham conseguido conceber
métodos para observar de maneira rigorosa eventos mentais subjetivos”.
Em
constatação a esses fatos supracitados, podemos entender não apenas porque as
ciências naturais se tornará narrativa hegemônica em nossos tempos, assim
também, o porque os métodos para observar os eventos mentais subjetivos não
ganharam a devida atenção e credibilidade, uma vez que esses não trouxeram
resultados equiparáveis aos da ciência da matéria. Reforço sempre a importância
dos investimentos na ciência da matéria e suas aplicações (essa não é a
discussão aqui), mas aqui temos o nosso elo perdido “a investigação sistemática dos
processos mentais e as fenomenologias advindas dessa através dos métodos de
introspecção meditativa”. Conforme vamos conhecendo a fundo as práticas
Iogues e Budistas de introspecção meditativa e os seus métodos sistemáticos e
resultados que esses evidenciam a partir de suas práticas, vamos entendendo que
esse “elo perdido” dos conhecimentos introspectivos orientais, foi simplesmente
despercebido durante todos esses séculos pelo mundo ocidental, o qual além de
abordagem epistémica desconhecida ou pouquíssimo investigada a luz das suas
próprias narrativas epistemológicas (pois até os dias de hoje, boa parte da
comunidade científica não se interessa nessa temática e os que se interessam,
querem restringir a introspecção meditativa apenas a fatores
biológicos-físicos), ou seja, a investigação da mente pelo viés das ciências
naturais, reduzindo os fenômenos da mente somente a questões de ordem
biológica, deixando de lado o principal motivo que os métodos de introspecção
meditativa tentam nos ensinar, que são as variadas formas do sujeito
compreender a si mesmo, criando um verdadeiro caminho de intimidade com seus
pensamentos, sentimentos, imaginário, suas questões existências, levando cada
vez mais, a um refinado processo de autoconhecimento. Daniel Goleman e Richard
J, Davidson em seu livro: A Ciência da Meditação, comentam que nas pesquisas
sobre a meditação, a parte relacionada ao autoconhecimento ou no aprofundamento
do ser como um todo, eram e sempre foi prioritários para os antigos yogues e
mestres dessa arte, porém, hoje além de não se dar a devida importância a essa
temática que para os mestres e tradições espirituais que levarem esse assunto a
prova de fogo durante milhares de anos e até os tempos de hoje por centenas de
gerações que veem investigando o tema da introspecção, nas pesquisas
contemporâneas ligadas a meditação estamos demasiadamente focados em seus
reflexos biológicos-físicos-materiais, o que também é de grande importância,
porém, restringe as possibilidades de investigação de um tema tão amplo e
complexo como a mente, e que para tal investigação desse “objeto” de enorme
complexidade, deveríamos estar observando a mente por outros primas.
Ao
meu entender, deveríamos também estar dando mais atenção aos aspectos humanos,
fenomenológicos, existenciais e subjetivos por detrás das práticas
introspectivas criando metodologias sérias para esse fim, sem ficarmos somente
presos a métodos estritamente fechados pelo viés epistémico biológico-cognitivo
e intelectual-filosófico (no sentido de ficarmos apenas conjecturando
intelectualmente hipóteses sobre a natureza da mente e da prática
introspectiva, mas não a vivenciarmos in loco a sua experiência prática como os
Iogues e contemplativos da introspecção que o fizeram em outros tempos) , aonde
partirmos de um lugar de investigação, no qual o próprio cientista investigador
da meditação, além de estudar os praticantes iniciantes dessa arte, estudará os
seus atletas olímpicos (praticantes veteranos), assim como também tornarem-se
sujeitos que vivenciam em seu próprio laboratório de auto-investigação,
conhecendo em si mesmos o cultivo diário do silêncio meditativo e seus variados
métodos, no qual ao longo dos anos de prática, possa torná-los mais íntimos da observação
de suas próprias mentes enquanto uma testemunha treinada em investigar as suas
fenomenologias in loco. Certa vez diz Daniel Goleman relatando essa história no
mesmo livro supracitado, em uma conversa com sua Santidade o Dalai Lama aonde
pensavam sobre o que virá a seguir conforme a ciência contemplativa continuasse
a evoluir, o Dalai Lama diz: “ a
pessoa sendo estudada e a pessoa fazendo a pesquisa serão a mesma”; partindo
disso e essa sempre foi a minha intuição! compreendo que os cientistas e investigadores
da mente, estarão mais capacitados e sensíveis a entender, refletir e
conjecturar hipóteses a partir dos relatos de outras pessoas que também estão
vivenciando o processo da introspecção nelas mesmas pelos variados métodos de
introspecção, por também serem praticantes desses métodos e vivenciarem estes
in loco.
Recordo-me
de uma história contada pela minha professora que me iniciara na Kriya Yoga de
Babaji, uma tradição Yogue do Sul da India, Nagalaskmi Devi, da qual tenho
profunda gratidão e respeito, contando-me sobre uma vez em que resolveu
presentear uma amiga neurocientista, com o livro dos Sutras de Patânjali e no
qual para sua surpresa, fora lido por sua amiga e que tecerá o seguinte
comentário: “Esse é o maior livro de
ficção científica que eu já li na minha vida (risos...)”. Quando Nagalaskmi
conta essa história, e tendo eu passado por uma investigação de dois anos
completos meditando diariamente sobre cada sutra dos quatro capítulos desse
livro, pode entender mais adiante, que os sutras de Patânjali, assim como
vários outros textos tradicionais da Yoga e do Budismo, se lidos por pessoas
não praticantes, como no caso dessa neurocientista, de fato, o conteúdo desses
livros e o que eles querem dizer e o que querem nos apontar como caminho de
práticas, se tornam algo totalmente inacessível para os não praticantes da
introspecção-meditação, pois, a linguagem por detrás desses apontamentos de
práticas introspectivas não se resumem apenas a esfera do entendimento
intelectual, pois o intelecto aqui, não é o suficiente para acessarmos o que se
aponta nesses textos como trilhas desse caminho de práticas, é preciso
vivenciar, praticar para se entender o que está sendo apontado.
Para
nós que fomos educados e em grande medida adestrados a um “modus operandi” de
pensar a partir de um sistema educacional eminentemente
intelectual-cognitivista e por nossas bases epistemológicas dentro das ciências
naturais estarem sempre redutíveis a explicar suas teorias, hipóteses e fatos
pelo viés de algum mecanismo de linguagem, tudo aquilo que for da esfera do não
dito, do inefável, do não mensurável, do não exprimível pelo viés de qualquer
forma de linguagem, não apenas nos soa estranho, como se torna um objeto de
“talvez para muitos” uma questão de legítima desconfiança, devido ao velho
passado dogmático que carregamos das manipulações institucionais-religiosas que
utilizara-se do “divino” e da dimensão espiritual inacessível pela maioria,
segundo essas instituições, não passavam na realidade de uma forma de legitimação
de poder para governar as narrativas e mentes de seu tempo, assim como muitos
cientistas institucionais e dogmáticos o fazem nos tempos de hoje! Aprofundo
esse assunto noutro momento desse livro em: “Aonde a linguagem e o conceito
não alcançam, poderemos ser conduzidos apenas pelo silêncio”, porém, o
que quero ressaltar aqui é que: Na forma como fomos educados, não demos a
devida importância para uma dimensão da investigação sobre a natureza da mente,
assim como de nenhum outro fenômeno da natureza que se tornara nosso objeto de
pesquisa, que não fosse por um viés da linguagem (ou daquilo que daremos um
nome) e do viés do mensurável, ou seja, daquilo que podemos medir! Tudo aquilo,
que sai dessas duas esferas não servem para nossas epistemologias, pois estamos
lidando com aquilo do qual não se pode falar ou não se pode medir, em outros
palavras, caímos na dimensão do inexistente, do não físico ou do metafísico.
Porém,
quando contemplamos como outras abordagens epistémicas lidam com os dilemas e
questões do imensurável metafísico, vemos que existem outras alternativas para
pensar tais questões; exemplo: em algumas tradições Iogues Indianas, é referida
a anatomia humana, como uma anatomia não só restrita a dimensão biológica, mas
também a outras múltiplas dimensões em um arranjo multimensional de corpos
menos densos que nosso corpo biológico, indo desde o corpo físico-material mais
“grosseiro”, a corpos mais sutis, como no caso dos corpos energéticos (vital,
etérico, entre outros nomes) que são muito bem explorados e entendidos diga-se
de passagem pelos acupunturais taoístas da medicina tradicional chinesa até os
corpos bem mais sutis e de elevada vibração energética imensurável até então,
aos nossos instrumentos de medida, embora, penso que determinadas expressões da
natureza, talvez sejam imensuráveis se olhadas pela perspectiva epistémica das
ciências naturais, exemplo: Quando monitoramos o cérebro de um Iogue
especializado na prática da meditação da bondade amorosa, na qual faz dele, um
verdadeiro expert em acessar voluntariamente e a todo momento, o sentimento de
compaixão por todos os seres, e mesmo que reconheçamos esse estado específico
de mente através de correlações neurais específicas, estamos de fato, fazendo
alguma forma de medição do fenômeno e experiência humana, da qual chamamos de
compaixão? Ou apenas mapeamos um reflexo neural em nosso cérebro de quando
atingimos tal sentimento? Ao meu entender, reduzirmos a compaixão e o amplo
espectro de coisas humanas das quais ela se refere, reduzindo-a apenas a
observações neurais específicas, além disso não explicar o fenômeno da
compaixão em si, esse reducionismo da compaixão a ocasiões neurais além de
simplista, negligencia toda uma miscelânea de experiências fenomênicas- humanas
e subjetivas em meros comportamentos biológicos.
Porém,
sem me aprofundar nessa temática da existência ou não desses corpos sutis, pois
esse não é o intuito dos meus esforços aqui, quero chamar atenção, a um corpo
específico intitulado em algumas tradições Iogues como “Bodhi” ou corpo
intelectual. Esse corpo Bodhi, é denominado como corpo intelectual, não no
mesmo significado etimológico que atribuímos a palavra intelectual como a
conhecemos, mas sim, como um corpo que está para além da esfera
mental-cognitiva, tendo esse intelecto, uma correspondência etimológica, mais
voltada ao que chamaríamos aqui de intuição, ou seja, esse corpo Bodhi, seria
um corpo das intuições. Quando vemos algumas referências a esse corpo, é dito,
que o acesso e a livre fluência desse, não acontece pelos vieses
intelectuais-cognitivos, mas sim, por uma dimensão de liberdade, entrega, “um
deixar fluir da mente” ou uma abertura de espaço da nossa mente, freando essa
mente corriqueira que se identifica demasiadamente com os estímulos e
experiências externas se enchendo por esses, para termos esse espaço livre para
o qual possa se sorver essa sabedoria intrínseca e natural, para que estejamos
realmente “mais soltos, um vazio receptáculo para que essa inteligência Bodhi
transborde sobre nós” e presentes para que possamos manifestar essa
inteligência não cognitiva-intelectual de forma natural e espontânea. Além
disso, é dito, que quanto mais, tentamos estar no controle através de nossa
mente racional, cognitiva e intelectual como a conhecemos, mais nos afastamos desse
espectro do que seria acessar essa dimensão inteligente que todos temos,
chamada de Bodhi.
Analisando
o fato de outras formas de visões epistémicas sobre a natureza da mente
existirem, podemos contemplar, outras possibilidades no que diz respeito a criarmos
caminhos de investigação, que até então, as epistemologias que legitimamos para
se fazer ciência, não vasculharam. Nesse sentido, hoje, posso dizer, que
entendo o porquê da estranheza de uma neurocientista com um auto gral de
formação acadêmica e intelectual como o conhecemos, ao se deparar com um texto
de envergadura como no caso, dos sutras de Patânjali sem ter passado pelo
processo “alquímico” da prática introspectiva meditativa e sem nenhum tipo de
orientação sobre esse tipo de treinamento interior, achá-lo uma ficção
científica com alto grau de elaboração, é no mínimo razoável que ela pensasse
dessa maneira! Por outro lado, analiso esse episódio como se fosse o mesmo que
apresentar um livro de cálculo integral, para uma criança que ainda está aprendendo
tabuada, pois devido à ausência da prática meditativa, a cientista, não tinha
alguns pré-requisitos e bases preliminares edificadas para entender o que
Patânjali queria dizer, por isso, soava de maneira tão estranha e ficcional. É
preciso ressaltar que nós ocidentais, não nos tornamos cientistas da nossa
própria mente, mas os Iogues sim! pois, quando estes falam sobre a mente, eles
falam de “um lugar” de investigação que comumente não frequentamos ou
desconhecemos por completo o que eles falam. Imagine, se eu peço uma coisa que
foge total ao seu conhecimento, você simplesmente não terá ideia alguma do que
se trata! Isso é bem comum, quando se trata de determinadas falas de mestres da
meditação ou mesmo de textos tradicionais da Yoga e do Budismo. Se não temos
algumas bases preliminares, simplesmente não conseguimos ter acesso. Lama Padma
Santem, fala a respeito disso quando diz que: “Os ensinamentos do Dharma (os ensinamentos Budistas como um todo) são
auto secretos”, o sentido de auto secreto aqui, diz respeito as construções
internas que o sujeito adquiriu, das quais faz com que ele consiga acessar tais
informações, assim como no caso de Patânjali, aonde algumas pessoas, ao ler
seus sutras, conseguem naturalmente acessá-los e compreender a profundidade do
que eles trazem.
Vou
mostrar um trecho de um texto tibetano do século XIV como exemplo extraído do
Third Dzogchen Riponche, Great Perfection, volume 2: Separation and
Breakthrough:
“... um estado de
consciência exposta, transparente;
Fácil e brilhantemente
vívida, um estado de sabedoria relaxada, desarraigada;
Livre de fixação e
límpida, um estado sem ponto de referência algum;
Clareza vazia
espaçosa, um estado escancarado e desimpedido;
Os sentidos
desagrilhoados...”
Nesse
trecho acima, percebe-se vários elementos de linguagem que não são acessíveis
ao mero exercício intelectual sem ter qualquer tipo de prática
introspectiva-contemplativa para compreendê-los. A frase por exemplo: “... um estado de consciência exposta,
transparente”; podemos entender que está sendo dito que uma consciência
exposta e transparente, seja talvez algum estado de mente, aonde estejamos
calmos, serenos e presentes, porém, se eu encerro a contemplação dessa frase
aqui, ela se reduz a uma mera especulação intelectual, no entanto, se me
pergunto: Eu acesso esse estado de consciência exposta e transparente? Ele
existe? Como faço para investiga-lo ou mesmo testa-lo? Nesse momento, a partir
dessas perguntas, temos alguns pontos que podemos investigar em nossas práticas
introspectivas a partir de métodos específicos prescritos pelos conhecimentos
Iogues e Budistas acerca da introspecção, que nos darão os instrumentos para
testar tais hipóteses, no caso aqui, se existe realmente esse estado de
consciência exposta e transparente.
Como
já explicado aqui, ao falarmos sobre as dificuldades de acessarmos determinados
textos como os sutras de Patânjali, ao nos deparamos com estes textos
“inacessíveis” para alguns, isso se dá, não simplesmente porque eles foram
escritos para serem inacessíveis (embora, em alguns contextos isso tenha
ocorrido como uma forma de proteção, para que determinados saberes não caíssem
nas mãos erradas, por pessoas que não teriam a motivação de trazer benefícios
com esses, aonde usariam e distorceriam apenas para promover necessidades
egoístas autocentradas), mas a principal questão desses ensinamentos não serem
acessíveis à primeira vista ou mesmo inacessíveis depois de muitos anos de
prática, é simplesmente porque o acesso destes está ligado a um processo interno
desenvolvido principalmente pelo cultivo de suas práticas do que por qualquer
elaborada construção intelectual que seja, mas que se ausente dessa “alquimia”
interna que só alcançamos através da meditação. O estudo teórico destes textos
“secretos” é necessário para a compreensão de um método a si empreender para
entende-los, mas a prática será o laboratório, a prova de fogo, que nos gerará
a transformação interna que levará a compressão de fato, sobre o que dizem. O
professor Marshall Gonvinda em seu livro, Insights ao longo do caminho diz: “A diferença entre as religiões e a Yoga, é
que as religiões falam de Deus e a Yoga ensina os instrumentos que te conduzem
até Deus”. Gosto de contemplar essa frase de Gonvinda, não em um sentido
teocrático da crença em um Deus externo (que também não é o que ele quer dizer,
pelo conhecimento que tenho da tradição Iogue da qual ele faz parte), mas em um
sentido de entender, que alguns métodos como no caso da Yoga, estas se munem de
instrumentos para que o praticante vivencie em seu próprio laboratório de
práticas, se aquilo que falam os textos e os mestres, de fato é verdade ou não.
Essa forma de pedagogia espiritual prática, é totalmente diferente da prática
religiosa alicerçada em crenças dogmáticas inquestionáveis!
Um
outro ponto que quero chamar atenção, a respeito do texto tibetano citado
acima, é o fato de que a escrita apresentar uma camada inacessível para alguns,
não se trata de uma questão proposital ou até mesmo didática, e sim, de algo
simplesmente ser inacessível mesmo, pelo fato da linguagem escrita muitas
vezes, não ter o alcance de fazer o sujeito acessar aquilo que está escrito
enquanto lê. Exemplo, quando lemos: “Livre
de fixação e límpida, um estado sem ponto de referência algum”; é
impossível, enquanto lemos esse trecho, que automaticamente vivenciemos tais
estados de mente límpida, livre e sem fixação, pois enquanto lemos, comumente
não experimentamos tais estados, pelo fato desses estados terem de ser
vivenciados por outros meios, no caso, pela introspecção e não pela leitura
propriamente dita. Nos acostumamos a nos relacionar com a fala e com a escrita,
como se elas reduzissem-se ao que elas estejam expressando, porém, assim como
na escrita poética e artística, a escrita dos Iogues, tem como objetivo explicar
aquilo que eles vivenciam e conseguiram descobrir em suas jornadas
investigativas pelos mundos internos através da meditação. Quando escrevem, só
estão mostrando os caminhos práticos, verdadeiras pistas, para nos orientar
quando assim nos colocarmos a enveredar pela auto investigação acerca da
natureza de nossa mente. Os verdadeiros Iogues, não estão interessados em
escrever algo que tenha um fim meramente estético ou que apresente uma grande
eloquência com o intuito de mostrar o quão inteligentes e diferenciados são. O
intuito da linguagem é ser clara e límpida como um rio, porém, se a mente de
quem lê, está nublada pela ignorância, “o rio de quem lê”, ainda está barrento
e turvo e portanto, não consegue ainda alcançar a clareza e limpidez “do rio de
quem escreve”. Em resumo, entendo que enquanto estávamos voltando a nossa
atenção e mentes a investigar através de formas epistémicas detalhadas para
observar os fenômenos e a expressão externa ou material da vida com detalhes,
os Iogues estavam fazendo o mesmo, porém de outra forma, com seus olhares
voltados para a expressão interna da vida.
No
Budismo Tibetano, é ensinado que toda informação que recebemos e ao tomarmos
então conhecimento dessa, elas carregam em si, o potencial de operarem em
nossas mentes em três níveis: o externo, o interno e o secreto. O nível que é
chamado de externo está ligada a dimensão externa das coisas, que seria ao meu
entender, essas das quais operam os nossos sistemas educacionais a que fomos
mais ensinados, aonde preocupamos apenas com a dimensão da inteligibilidade da
informação que chega até nós, ou seja, se eu entendo o que está sendo dito, eu
considero que compreendo o que está sendo dito! é uma dimensão mais grosseira e
objetiva de encararmos aquilo que recebemos como informação. Nesse nível
externo, não temos grandes responsabilidades e profundidades com relação a
informação que chega até nós, pois considera-se que há algum nível de
entendimento dessa, apenas porque entendemos o que foi nos transmitido, mas não
há uma maturação ou qualquer tipo de aprofundamento reflexivo. Infelizmente,
nos tempos de hoje, e aqui fica uma crítica as nossas instituições de educação
que devido a excessiva demanda de conteúdos a serem ministrados e todas as
pressões sociais e institucionais envolvidas, além, de um paradigma
cognitivista que demanda cada vez mais as crianças e adultos ao acesso
excessivo de informações, fazem com que nossas gestões educacionais, quase não
adentrem nos níveis internos das informações que chegam até nós, aonde nos
tornamos cada vez mais pessoas que sabem superficialmente sobre algo, porém,
não conseguindo pensar e refletir de maneira crítica e livre sobre o assunto.
Nesses modelos de educação que ficam apenas no nível externo das informações,
passamos toda a nossa formação básica de ensino e até mesmo a superior, como
verdadeiros robôs programados a repetir informações, porém, fazer o movimento
“alquímico” ou de uma digestão dessa como acontece no nível interno, isso
comumente não acontece, pois não há espaço e nem tempo para isso! É
compreensivo que a contemporaneidade e os impactos das tecnologias da
informação é cada vez mais um terreno fértil para o excesso ao acesso das
informações, porém, sem ligar os pontos de maneira crítica e lúcida sobre
esses, o aprofundamento e a reflexão, são cada vez mais desencorajados,
escassos e trocados pela superfície reflexiva diante das informações que chegam
até nós.
Um
segundo nível que é chamado de interno pelo Budismo Tibetano, está ligado ao
aprofundamento daquilo que chega até nós, é um nível de absorver, degustar,
refletir, meditar, ou seja, “transmutar” sobre a informação que chega até nós.
Em seu livro “Além do Materialismo Espiritual”, Chogyam Trungpa Riponche, se
refere há um dito nas escrituras tibetanas que diz: “O conhecimento precisa ser derretido, batido e martelado como o ouro
puro. Só depois poderemos usá-lo como um ornamento” e a partir desse dito
tibetano ele comenta: “Portanto, quando
você receber uma instrução espiritual das mãos de outra pessoa, não a aceite
sem senso crítico, mas a derreta, martele e golpeie, até que a cor brilhante e
nobre do ouro apareça. Então, faça dela um ornamento, dando-lhe o desenho que
desejar, e passe a usá-la. E em outro momento ele diz: “Será que efetivamente saboreamos, mastigamos e engolimos de forma
adequada aquele objeto de arte, aquele ensinamento espiritual? Ou nos limitamos
a considera-lo como parte de nossa vasta e crescente coleção? Trungpa em
suas falas, deixa claramente explícito o fato de que para absorver os ensinamentos
espirituais e amplio aqui, para a questão das informações que chegam até nós
que poderão ou não tornarem-se conhecimentos conforme o modo como nos
relacionamos com essas, fica bem delineado o que os Tibetanos se referem como o
nível interno do aprendizado. Reforço aqui, o fato que cada vez mais na
contemporaneidade estamos sendo desencorajados a reflexão e a esse
aprofundamento interno a respeito daquilo que absorvemos, assim como nossas
instituições entram cada vez mais em um jogo alucinado dos excessos
curriculares, cumprindo e batendo metas em suas demandas cada vez mais
excessivas, não sobrando espaço, para a reflexão e aprofundamentos críticos
sobre os conteúdos ensinados. As informações que recebemos e que potencialmente
podemos levá-las ao patamar dessa camada chamada de nível interno, se opera
quando começamos a abrir espaços em nossas agendas, para levar os conhecimentos
adquiridos ao nível da reflexão, ponderação e da introspecção meditativa. Esses
eram os métodos dos “Cientistas Iogues”, ou mestres da investigação da natureza
da mente a partir de seus próprios laboratórios de introspecção meditativa.
Como Trungpa, ao dizer que o conhecimento precisa ser efetivamente saboreado!
porém, para isso, precisaremos de tempo, reflexão e introspecção para
empreendermos esse movimento contemplativo, porém, ao meu ver, algo cada vez
mais escasso e raro em nossos tempos e em nossa forma de entender a educação
como um todo!
E
o terceiro e último nível que é chamado de secreto pelo Budismo Tibetano, está
relacionado mais com que foi supracitado com relação a um nível de
conhecimento, que não opera estritamente ao intelecto ou à linguagem como a
conhecemos. O aprendizado a nível secreto, estão ligados às nossas experiências
de epifanias, insights ou mesmo de estados alterados ou expandidos de
consciência. O aprendizado nesse nível, ele muitas vezes opera por maneiras
misteriosas, e sem saber o porque ou como entendemos, simplesmente percebemos
que agora entendemos. Lama Padma Santem, ao comentar sobre os níveis secretos
dos quais os ensinamentos operam dentro de nós, ele diz que: “Os ensinamentos são auto secretos” ou
seja, você só acessa aquilo que pode alcançar naquele momento. Guilherme
Erhardt dá um exemplo de como o nosso processo de entendimento se dá a níveis
secretos quando ele diz: “Quando a visão
surge, começamos a entender o que de fato é a mente do mestre. Mais importante
do que entender as palavras é entender em que lugar está a mente do mestre
quando ele fala o que fala. E contemplarmos exemplos vivos para nós é o que nos
transmite essa experiência”. Tanto a fala de Santem como de Erhardt nos
sinalizam para um nível de compreensão das informações que chegam até nós, “de
um lugar” que não se limita apenas a esfera corriqueira do entendimento ou
mesmo da reflexão ponderada, ambos se referem a uma dimensão do entendimento
que só podemos acessar ou só a acessamos a medida que conseguimos ter a visão
para que tal entendimento de fato seja incorporado a nós. Quando a visão surge,
essa capacidade “misteriosa” que faz com que comecemos a ter outras percepções
ou compreender uma mesma coisa em outras camadas fazendo com que de fato
enxerguemos de um novo lugar, essas experiências, são entendidas como um
processo de decantação aonde toda a informação e conhecimento adquirido irá
ocultamente se processando, ao ponto de termos epifanias, visões e sem saber
exatamente como sabemos, agora sabemos.
Poderíamos
até pensar que o aprendizado a nível secreto, não seja nada mais que uma
construção cognitiva que vamos acumulando e de repente, bum! é como se agora,
portamos uma tal inteligência ou capacidade de enxergar. Cognitivamente isso
poderia até ser uma explicação, porém, o nível secreto, mesmo que encontremos
uma capacidade cognitiva-neural relacionada a alguma habilidade, visão ou
entendimento, isso não está ligado a essas capacidades biológicas, pois estas
são apenas reflexos últimos no corpo físico de processos “sutis” que já ocorreram
antes nesses sujeitos. A abertura para um tipo de visão que simplesmente nem
sabíamos que erámos capazes ou mesmo que achamos que percebíamos a construção
gradual que levou até aquele entendimento, é algo, mais semelhante ao que foi
supracitado, quando me referi a Bodhi como um corpo de intuições do qual o
acessamos não pela via cognitiva-intelectual, mas sim, pela abertura de mente,
aonde promovemos um desapegar de nossas fixações mentais (as informações
incessantes que surgem em nossa tela mental) para que esse estado ampliado de
consciência manifeste-se, como dito por Babaji: “Desapegar-se do que não se é, para reconhecer o que realmente é”.
Para tal feito, a muitos métodos e práticas distintas de meditação (como as
Shamatas, Vipassanas entre outras), que gradativamente irá treinar o praticante
a promover tal feito de conseguir desapegar das fixações mentais e reconhecer
esse estado básico, anterior, natural, que só não era percebido devido ao fato
de nossa mente estar completamente identificada com suas paisagens mentais
advindas de nossas experiências sensoriais. Patânjali se refere a essa prática
em seus Yoga-sutras ao definir o que é Yoga e ele então diz: “Yoga é a desidentificação com as flutuações
que emergem na consciência”.
Quando
pensamos no nível secreto, como uma forma de educação-pedagógica para que as
pessoas compreendam isso, entendo que diferente dos níveis externos e internos
que são naturalmente alcançados pela inteligibilidade comum no primeiro e pelo
processo de reflexão-introspecção no segundo, já no nível secreto, no entanto,
as coisas não são tão simples assim, pois não se trata aqui, de um fenômeno do
qual temos algum tipo de controle. O nível secreto, ele simplesmente acontece!
E nunca sabemos quando e como esse operou, mas simplesmente e na maioria das
vezes é assim! Quando nos damos conta, ele simplesmente já está lá operando e
passamos a entender por uma camada que não entendíamos. Nas tradições Iogues e
Budistas, é explicado que o acesso ao secreto, acontece por meio das benções e
graças que acessamos ao longo do caminho com as nossas práticas. Em uma Sadhana
(meio para a realização) Budista chamada: “O
Estado Desperto Autoliberado – Instruções diretas para o Mahamudra”, é
exemplificado isso através de seus verso:
“O Mahamudra da visão é a natureza básica da mente,
Com nada para provar ou dissipar.
Permita que sua natureza básica se estabeleça sem
fixações,
Esse é o Mahamudra do estado meditativo.
A própria base amadurecida até o fruto,
Isso é o Mahamudra da fruição.
De modo a gerar uma cadeia de bênçãos,
Há o Mahamudra do treinamento”
Particularmente,
prefiro não pensar nessas graças e bênçãos como uma espécie de “meritocracia
divina, espiritual ou kármica”, mas entender que essas graças e bênçãos
misteriosas que se revelam ao longo do caminho na prática espiritual, se operam
por níveis de fenômenos inteligentes mais amplos da própria mente que não
conhecemos bem as suas leis, porém, que determinadas formas de práticas como no
caso da reflexão, contemplação e introspecção meditativa, tornam o terreno mais
propício para esse tipo de manifestação ocorrer. Em palavras simples como ditas
por algumas correntes da Yoga Indiana: “Fique
quieto e saiba que você é Deus”. Esse aforismo ou máxima Iogue, entendo que
expressam o que pode vir a acontecer, quando simplesmente silenciamos e paramos
de fazer tudo que estamos fazendo, para abrirmos mais espaço interno, abhisheka
(abertura do vaso, para os tibetanos), para sorver sobre nós (o corpo, o vaso,
o receptáculo) a sabedoria primordial, que nunca nasceu, cresceu ou morreu, que
não pode ser expressa pelo conceito e pelas palavras, ou mesmo quantificado.
Entendo que o nível secreto, esteja se referindo a essa natureza de coisas!
Nesse sentido, temos um outro arranjo de investigador e pesquisador da mente, que ao mesmo tempo que se coloca como observador de seu objeto de investigação “a mente” esse se torna o próprio objeto de pesquisa, pois, o sujeito que investiga a sua própria mente a faz enquanto medita! Penso que as metodologias de investigação da mente com esse viés de sujeito-participante, faz com que criemos pesquisadores mais sensíveis a fenomenologias e subjetividades, que se não vivenciadas em seu interior (o próprio laboratório de práticas meditativas), talvez poderiam passar despercebidas, uma vez que eles não sabem ou não vivenciam o que os seus participantes estão dizendo sobre o que vivenciam enquanto meditam. Esse ao meu ver, foi o grande erro cometido pelos laboratórios de psicologia e psicólogos que queriam investigar a mente através da introspecção no final do século XIX, quando esses nem se quer sabiam o que se passavam nas práticas de introspecção meditativa, por não a vivenciarem. Isso gerou lacunas, pois como os psicólogos pesquisadores da mente através da introspecção não se submetiam à prática sistemática da mesma, não existia uma campo de compreensão e sensibilidades o suficiente para investigar o assunto.
O
fato é que, investigar a natureza da mente utilizando-se da introspecção apenas
como conjecturas intelectuais em seus métodos e dados biológicos em suas
constatações factuais, não é o suficiente, para entendermos de fato, o que se
passa, quando nos colocamos a investigar a natureza da mente através da
introspecção por nós mesmos. O método sujeito-participante ao meu ver, é uma
condição indispensável se queremos de fato compreender do que se trata a
introspecção meditativa e seus benefícios. Podemos encontrar dados que
evidenciem os benefícios da prática, como aos descobrimos a hipo-estimulação
amigdalar em decorrência do aumento da estimulação de vias neurais ligadas ao
córtex pré-frontal, demonstrando a diminuição da produção de cortisol ou dos
hormônios produzidos pelas glândulas suprarrenais em ocasiões de stress,
evidenciando que a prática de determinadas técnicas meditativas, trazem tais
benefícios, mas nunca vivenciaríamos de fato essa mudança de traços em nosso
cérebro e redes neurais se não nos colocássemos a praticar, ou seja, nos
tornarmos o próprio participante da introspecção meditativa. Lembrando que essa
é apenas uma evidência biológica da prática, porém, se abrirmos um pouquinho
mais o leque de possibilidades e pensarmos em outras formas epistémicas de se
fazer ciência que não esteja restrita apenas ao paradigma biomédico, poderíamos
pensar em outros fatores no que diz respeito às ciências humanas e às
subjetividades que decorrem por detrás das práticas introspectivas.
Acredito,
que esse tenha sido, uma das principais causas do fracasso por parte dos
psicólogos nas pesquisas ligadas a introspecção, por simplesmente não
vivenciarem em si, aquilo que eles pesquisavam. Ao meu ver, nas pesquisas sobre
a investigação da natureza da mente pelo viés da introspecção, deveria haver
uma maior necessidade de aproximação entre o sujeito e o objeto de pesquisa, ou
seja, entre observador e objeto observado, compreendendo que na pesquisa da
mente, por portamos essa faculdade “natural”, somos mais do que meros
observadores, mas sim participantes de nosso próprio experimento, pois
independente de entendermos a mente como algo proveniente de relações
neurais-biológicas ou como se explica a natureza dessa, convivemos com essa
inteligência a todo momento durante toda a nossa vida e ninguém até hoje,
consegue comprovar que de fato a mente é uma entidade física-biológica, assim
como não comprovam que ela não seja uma entidade não física não biológica, ou
seja, espiritual! Outro ponto, é que também não temos nenhuma garantia se há de
cessarmos ou continuarmos a conviver com essa mente após a nossa morte
biológica! Para esse assunto, acredito ser mais profícuo, investigarmos as
pesquisas ligadas a quase-morte (EQM), casos sugestivos de vidas passadas e as
chamadas experiências fora do corpo, pois o que há de elemento comum no fio
condutor de todas essas modalidades de pesquisa, é o entendimento de uma
inteligência ou consciência ou mente, inteligente e não física, independente e
não restrita a matéria biológica de nossos corpos.
Compreendendo
que determinado tipo de metodologia-participante, traga também algumas
complexidades e implicações duvidosas, pois o seu nível de subjetividade
poderiam ir as alturas das infinitas possibilidades que acarretariam em métodos
e epistemologias com essa natureza, porém, acredito também, que se bem
delineados os métodos (vou falar disso em outro momento), poderíamos ganhar
muito com essa natureza metodológica, aonde se aposta na sensibilidade do
investigador, em investigar aquilo que de alguma forma ele também tem grande
intimidade. Essa metodologia de sujeito-participante abre muitos campos de
investigação epistémica para estudarmos temas de extrema complexidade como a
introspecção e outros mais como supracitados no parágrafo anterior.
De
um modo simples e direto, a introspecção meditativa ao longo da vida, é um
processo de auto-investigação da própria mente de forma sistemática e contínua,
porém, infelizmente essa não foi devidamente levada a sério como base
epistémica para possíveis formas de se observar experimentalmente a mente e à
investigação dessa, assim como os processos subjetivos e fenomenológicos dela,
aonde nossos filósofos e teólogos em sua maioria, pensadores das áreas humanas
como psicólogos e das áreas biomédicas como os neurocientistas cognitivistas,
optaram por investigar a natureza sutil da mente, através de vias meramente
intelectuais, biológicas, neurais, cognitivas, comportamentais e da própria
abordagem do inconsciente, fazendo com que a introspecção meditativa não fosse
levada a sério, relegando-a ao descrédito científico, mesmo essa tendo apenas
passado pela prova de fogo de um pálido período experimental de menos de 40
anos pelos primeiros laboratórios de psicologia. A introspecção também não teve
a devida atenção e crédito por meio da comunidade e instituições científicas,
pelo fato destas não darem o devido incentivo aos pensadores como o psicólogo
norte americano William James que tentara encabeçar essa corrente de
investigação da introspecção dentro da psicologia, mas na qual não houve
grandes avanços e repercussões de seus intentos, ao contrário, do que aconteceu
em sua época no que diz respeito ao Behaviorismo e à Psicanálise Freudiana.
A
introspecção para o mundo científico ocidental, ficou relegada ao esquecimento
e a mais uma peça para o coleção dos conhecimentos e abordagens epistémicas
marginalizadas por não se enquadrar a uma comunidade científica que têm como
hegemônico o método epistémico das ciências naturais materialistas, deixando a
introspecção como uma questão não importante a se pensar, mais um caso fora da
curva que não merece o devido mérito e esforço investigativo por parte da
comunidade científica! Durante todos esses anos, quaisquer métodos que
substituíssem os anteriores para utilizar-se da via introspectiva-meditativa,
era colocado em descrédito e sentenciado simploriamente como algo de natureza
religiosa e fadado ao espectro da fé e das meras crendices irracionais, sem se
questionarem se nesses métodos tinham ou não alguma forma de cientificidade,
metodologia e experimentação. E hoje, o que sabemos é que sim, pois a muitos
métodos de introspecção meditativa a serem estudados e com enorme potencial
para compreendermos sobre a forma como esses investigam a natureza da mente,
nunca antes experimentadas por visões epistémicas naturais.
@professormichelalves
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