O caminho e o caminhar espiritual
Entendo que a busca espiritual deveria
ser algo tão natural quanto buscar uma profissão para vivermos com dignidade ou
buscar conhecimento sobre as coisas que estão a nossa volta para compreendemos
o nosso papel e possibilidades de agir em meio ao mundo. Quando colocamos a
palavra espiritual no caminho, estamos também querendo dizer que nesse processo
de caminhar, de aprendermos a nos tornarmos seres humanos éticos e compassivos,
estas partem da mesma prerrogativa que a psicologia, a filosofia, as ciências sociais
e políticas, o caminhar espiritual não se distingui dos objetivos dessas visões
de mundo proposta pelas áreas diferentes áreas do saber citadas acima quando
estas encontram-se a serviço da ética e dos direitos dos seres humanos e demais
seres, inclusive da natureza.
A caminhada espiritual se distingui das
demais formas de caminhar não pelo objetivo ético e humano por detrás dela, mas
sim por suas práticas, assim como um honesto político ou professor que busca
diariamente acertar em suas ações tentando ser o mais virtuoso possível, o
praticante honesto de alguma tradição espiritual não o faz diferente, porém,
esse tem como objeto de investigação inicialmente a sua própria consciência e o
reflexo do seu mundo interno com o mundo externo a sua volta. Para isso, assim
como em qualquer área do conhecimento que têm em sua base preceitos
fundamentais, teóricos e práticos, na prática espiritual não é diferente e além
disso, precisamos lembrar que um praticante de coisas chamadas espirituais,
antes de tudo, é um ser humano como qualquer outro, porém esse resolvi escolher
algumas coisas a se fazer em seu cotidiano que comumente e devido à alguns
contextos históricos, sociais e culturais não se fazem determinadas práticas
como: a prática de posturas psicofísicas (asanas) compreendo a relação destas
com a nossa mente e energia, a prática das respirações profundas (pranayamas)
para nos preparar para a interiorização além de estarmos mais sensíveis a
energia que nos permeia (energia aqui, em um sentido físico e sutil), a prática
das concentrações (dharana) e das meditações (dhyana) para não só nos
equilibrar, mas também para criar todo um campo de auto-investigação através do
silêncio para compreendermos as causas (os motivos) das coisas que se passam em
nossa consciência e que muitas vezes nos afligem e nos causam sofrimento.
Além das práticas citadas a própria
edificação teórica de saberes que sustentam a compreensão dessas práticas de
forma auto-investigativa e experimental e não por meio de crenças irrefutáveis
e inquestionáveis (dogmas), é fundamental que os textos tradicionais de onde
tiramos todas as nossas práticas, sejam estudados e questionados para que
compreendamos esses conhecimentos indo ao profundo entendimento que eles nos
oferecem e nos ensinam sobre a natureza humana.
Para além de benéficos como: possível
redução da ansiedade e quadros depressivos, desarmonias no corpo e na mente, o
principal e mais importante benefício das práticas espirituais é nos tornamos
de fato pessoas felizes sem depender de condicionalidades externas, nos
tornando pessoas mais em paz com nós mesmos e com os outros a nossa volta,
porém, não indiferentes ao sofrimento alheio, tornando-nos seres
verdadeiramente éticos, honestos, generosos, amorosos e compassivos com os
demais seres.
É muito importante que nesse caminhar
de auto-investigação e autoconhecimento constantes, se encontre no caminho,
mestres (as) ou professores(as) e amigos (as) honestos e sinceros para que
possamos compartilhar as nossas indagações, dúvidas e conflitos durante essa
jornada de vida.
No fim, não se preocupe em chegar em
algum lugar ou meta, apenas esteja no caminho e no caminhar.
@professormichelalves

Nenhum comentário:
Postar um comentário