O amor se expressa em terreno torto
Não
sei quem, quando e aonde começaram a nos contar a história da carochinha do
amor dos contos de fadas
aonde
iremos encontrar em alguém a expressão e o terreno fértil de uma amor perfeito
reto, claro, previsto como se de tão óbvio pudéssemos perceber os seus
prenúncios e aferirmos a previsibilidade de seu comportamento, podendo então
identifica-lo e nomeá-lo dizendo: “enfim encontrei o amor, pois isso se parece ser
o que me contaram sobre o que é o amor”
Esse
amor previsível, reto, que não faz curva, que é vestido de normas sociais,
econômicas, de classe de gênero, e que não suporta a derradeira
imprevisibilidade esmagadora da vida e como essa escancaradamente se apresenta,
questionando
todos os nossos imaginários e ismos
confortáveis para que não lidemos com o que é torto
sinto
lhe dizer, mas esse talvez não seja o amor
aquilo
de tão previsto que não se submete a curvas e aos terrenos imprevisíveis e
áridos da vida, não pode carregar em si, a potência e a potencialidade daquilo
que poderíamos denominar como o amor
O
amor é uma grandeza que de tão potente, é capaz de encontrar em qualquer tipo
de terreno, por mais árido que pareça, a capacidade de fertilizar-se e de dar
nascimento as suas infinitas faces e formas de se expressar
A
vida com sua beleza torta e a tortura em aprender a vive-la é adubo para que o
amor se expresse
nos
obstáculos em que os terrenos e contextos tortos nos apresentam a vida, o amor
encontra potência para crescer, pois do contrário esse não florescerá
não
cabível no simplismo da classificação confortável de uma reta prevista
que
nos acomoda nos clichês das historinhas perfeitinhas do amor romântico
rigidamente vestido com uma forma previsível e esperada não é o que comumente a
vida nos têm apresentado
só
sei que esse amor previsto e clichê, indiferente a vida e indiferente ao torto
que
resolve esconder a sua existência nas profundezas do seu inconsciente e deixa
na superfície apenas o que é previsto e suportável, é apenas uma forma de um
pseudoamor
os
limites daqueles e daquelas que não suportam às diversidades geradas pelas potencialidades
das belezas nascidas do torto com certeza não tiveram a coragem de lidar com a
energia potêncial por detrás da grandeza que o controle não atravessa mas a
entrega sim
nos
terrenos tortos e não previstos, nasce a potencialidade dos caules, que fecundam
e proliferam vida em forma de um amor tão óbvio que muitas vezes tornam-se
inacreditável percebe-lo como real
esse
amor, por ser torto, não previsto e até mesmo improvável, insuportável para os
que não querem transcender os próprios limites
torna-se muito amplo para ser limitado em uma
caixinha, em um padrão organizado, aonde a nossa covardia e o nosso confortável
jeito de classificar o amor tornam-se suportáveis apenas em face os nossos limites
não transpostos
talvez seja por isso ser muitas vezes
dificilmente observável
porém,
o fato e é fato, que haverá de ter muito coragem para aprender a amar.
Para
Maria José Izidio
@professormichelalves

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