Minha produção está nos hiatos que
minhas economias me permitem sustentar
Na
realidade, acho que nunca gostei dessa história de trabalhar para ganhar
dinheiro
Não
significa que não goste do trabalho
O
que não gosto é de trabalhar sem saber o porque eu trabalho
O
que não gosto é de trabalhar apenas para sustentar uma sobrevivência biológica,
mas que em consequência promove a morte do meu espírito
O
que não gosto é quando o vetor do meu trabalho vai em direção a super nutrição
de poucos em detrimento da desnutrição da maioria
Para
esse lógica, muito obrigado, mas eu prefiro não trabalhar
Para
esse lógica, por favor, não me contrate
Para
esse lógica, por favor, não tente barganhar a minha inteligência e usá-la a seu
favor
Para
essa lógica, por favor, não mate e não tente comprar eu meu espirito, pois ele
não está a venda
Para
essa lógica, por favor, não perca o seu tempo comigo, pois já descobri que o
espirito é invendável, a única coisa que você terá de mim, é perdermos o seu e
o meu tempo para o seu egoísmo, a sua ganância e essa ferida narcísica não
curada, sedenta de afeto e de nutrição
Se
me permite um conselho, seja senhor de si antes de tentar ser senhor dos outros
e talvez lá na frente você entenda que a segunda opção não é necessária
Prefiro
vagabundiar e procurar as minhas rotas de fuga e contar com a sorte que o
trabalho digno que possa oferecer, seja visto e valorizado pelos que de alguma
forma cheguem até mim
Não
é fácil, ser um trabalhador marginal, com ideias marginais e com objetivos que
vão a contramão dos interesses dominantes e hegemônicos
Mas
uma coisa eu voz digo: É possível, apenas devemos começar
As
vezes caímos, e até acreditamos que chegamos ao nosso fim, e talvez teremos que
matar nosso espírito em detrimento de mantermo-nos vivos na matéria orgânica
Mas
ai me lembro, que se matar meu espírito, estarei matando o que de mais sagrado
eu tenho
Um
corpo físico desencorajado pela pulsão do espírito é apenas uma matéria morta
que ainda retardará o dia de seu funeral
Então,
eu tomo um pouco de folego e inspiro o espírito, para que esse possa me
encorajar a continuar a caminhar com e através da sua presença
Nessa
hora, os olhos voltam a brilhar, a resiliência nasce e volto a conjecturar
novas possibilidades de trabalhar sem me matar
Gosto
de trabalhar, quando através desse eu me descubro, eu me desnudo e eu posso
ajudar o outro a se desnudar
Gosto
de trabalhar, quando esse ameniza as desigualdades e as consequências desse
trabalho vão ao encontro de um ganho para todos
Hoje
sou um réu confesso que trabalho para poder ficar atoa
Ficando
atoa eu respiro e abro um pouco de espaço para ser quem realmente sou
Por
isso, a produção do meu trabalho estão nos hiatos que minhas economias me permitem
sustentar, dando um respiro para que eu realmente possa criar
E
a partir dessa criação, trabalhar
Dedico
essa poesia ao meu amigo artista: Paulinho Demolidor
@professormichelalves

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