sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Minha produção está nos hiatos que minhas economias me permitem sustentar

 


Minha produção está nos hiatos que minhas economias me permitem sustentar


Na realidade, acho que nunca gostei dessa história de trabalhar para ganhar dinheiro

Não significa que não goste do trabalho

O que não gosto é de trabalhar sem saber o porque eu trabalho

O que não gosto é de trabalhar apenas para sustentar uma sobrevivência biológica, mas que em consequência promove a morte do meu espírito

O que não gosto é quando o vetor do meu trabalho vai em direção a super nutrição de poucos em detrimento da desnutrição da maioria

Para esse lógica, muito obrigado, mas eu prefiro não trabalhar

Para esse lógica, por favor, não me contrate

Para esse lógica, por favor, não tente barganhar a minha inteligência e usá-la a seu favor

Para essa lógica, por favor, não mate e não tente comprar eu meu espirito, pois ele não está a venda

Para essa lógica, por favor, não perca o seu tempo comigo, pois já descobri que o espirito é invendável, a única coisa que você terá de mim, é perdermos o seu e o meu tempo para o seu egoísmo, a sua ganância e essa ferida narcísica não curada, sedenta de afeto e de nutrição

Se me permite um conselho, seja senhor de si antes de tentar ser senhor dos outros e talvez lá na frente você entenda que a segunda opção não é necessária

Prefiro vagabundiar e procurar as minhas rotas de fuga e contar com a sorte que o trabalho digno que possa oferecer, seja visto e valorizado pelos que de alguma forma cheguem até mim

Não é fácil, ser um trabalhador marginal, com ideias marginais e com objetivos que vão a contramão dos interesses dominantes e hegemônicos

Mas uma coisa eu voz digo: É possível, apenas devemos começar

As vezes caímos, e até acreditamos que chegamos ao nosso fim, e talvez teremos que matar nosso espírito em detrimento de mantermo-nos vivos na matéria orgânica

Mas ai me lembro, que se matar meu espírito, estarei matando o que de mais sagrado eu tenho

Um corpo físico desencorajado pela pulsão do espírito é apenas uma matéria morta que ainda retardará o dia de seu funeral

Então, eu tomo um pouco de folego e inspiro o espírito, para que esse possa me encorajar a continuar a caminhar com e através da sua presença

Nessa hora, os olhos voltam a brilhar, a resiliência nasce e volto a conjecturar novas possibilidades de trabalhar sem me matar

Gosto de trabalhar, quando através desse eu me descubro, eu me desnudo e eu posso ajudar o outro a se desnudar

Gosto de trabalhar, quando esse ameniza as desigualdades e as consequências desse trabalho vão ao encontro de um ganho para todos

Hoje sou um réu confesso que trabalho para poder ficar atoa

Ficando atoa eu respiro e abro um pouco de espaço para ser quem realmente sou

Por isso, a produção do meu trabalho estão nos hiatos que minhas economias me permitem sustentar, dando um respiro para que eu realmente possa criar

E a partir dessa criação, trabalhar

 

Dedico essa poesia ao meu amigo artista: Paulinho Demolidor

@professormichelalves

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