segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Não temos bases tão firmes como pensamos ter


Não temos bases tão firmes como pensamos ter

 

Encontro com os pacientes com a proposta de ser ajuda de alguma forma

Mas só nos encontramos por um breve espaço de tempo

Como posso realmente ajudar em um encontro de alguns minutos, uma pessoa que habita a si, a milhares de centenas de horas?

Um fala bem colocada, um gesto de carinho e acolhimento, a provocação de um insight ou o fazer pensar, podem até reverberar de alguma forma, para um depois dos furtivos encontros com um paciente

Mas, será que esse terá a capacidade de sustentar em seu ser, em sua memória a ajuda que lhe foi dada?

Será que a ajuda, é forte o bastante para sobreviver aos impactos da vida?

Honestamente não sei, porém,

O que sei, é que os encontros são muito mais prováveis que os desencontros

A sensação é como se os encontros, fossem eventos naturais, insondáveis e de um acaso probabilístico, como se nunca pudessem acontecer novamente e comumente não acontecem

Nossa relação com um outro que acontece no encontro é sustentada por um acaso tanto quanto a própria vida manifesta com seus eventos

Sem garantias, sem muitos controles, nós e os pacientes tentamos de alguma forma encontrar algo para se agarrar

Verdades, conceitos, entendimentos, ideias, porém, a qualquer momento, basta que um pequeno evento da vida se manifeste, como um conflito familiar, de relação, de saúde, econômico e bummmmm

Tudo explode e desmorona

Ficamos novamente procurando se estabilizar em terrenos instáveis

O acaso dos encontros e desencontros e tudo que diz respeito às nossas vidas, é o algo mais certo que temos

Não há certezas, não a verdades e entendimentos absolutos a única coisa que nos resta é se entregar ao acaso dos encontros e ter a consciência que talvez ele possa ser o último

Compreendendo a sua insubstancialidade, apenas nos entregamos ao que aparece e nos colocamos a proporcionar uma micro ajuda no espaço que nos é permitido ter um encontro.

                                                                                                        

                                                                                                      @professormichelalves

                                                                                                                                                  

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