Não
temos bases tão firmes como pensamos ter
Encontro
com os pacientes com a proposta de ser ajuda de alguma forma
Mas
só nos encontramos por um breve espaço de tempo
Como
posso realmente ajudar em um encontro de alguns minutos, uma pessoa que habita
a si, a milhares de centenas de horas?
Um
fala bem colocada, um gesto de carinho e acolhimento, a provocação de um
insight ou o fazer pensar, podem até reverberar de alguma forma, para um depois
dos furtivos encontros com um paciente
Mas,
será que esse terá a capacidade de sustentar em seu ser, em sua memória a ajuda
que lhe foi dada?
Será
que a ajuda, é forte o bastante para sobreviver aos impactos da vida?
Honestamente
não sei, porém,
O
que sei, é que os encontros são muito mais prováveis que os desencontros
A
sensação é como se os encontros, fossem eventos naturais, insondáveis e de um
acaso probabilístico, como se nunca pudessem acontecer novamente e comumente
não acontecem
Nossa
relação com um outro que acontece no encontro é sustentada por um acaso tanto
quanto a própria vida manifesta com seus eventos
Sem
garantias, sem muitos controles, nós e os pacientes tentamos de alguma forma
encontrar algo para se agarrar
Verdades,
conceitos, entendimentos, ideias, porém, a qualquer momento, basta que um pequeno
evento da vida se manifeste, como um conflito familiar, de relação, de saúde,
econômico e bummmmm
Tudo
explode e desmorona
Ficamos
novamente procurando se estabilizar em terrenos instáveis
O
acaso dos encontros e desencontros e tudo que diz respeito às nossas vidas, é o
algo mais certo que temos
Não
há certezas, não a verdades e entendimentos absolutos a única coisa que nos
resta é se entregar ao acaso dos encontros e ter a consciência que talvez ele
possa ser o último
Compreendendo a sua insubstancialidade, apenas nos entregamos ao que aparece e nos colocamos a proporcionar uma micro ajuda no espaço que nos é permitido ter um encontro.
@professormichelalves
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