Sobre
a contemplação no tema da Vacuidade e da Coemergência
Quando
vamos contemplando que os objetos que surgem no campo da consciência eles têm
inerência própria, ou seja, nascem por si mesmos, e da mesma forma, se mantém
por si e morrem ou findam por si, sustentamos a esses como verdadeiros e não
acreditamos que esses surgem pela liberdade da mente através do processo de
vacuidade e de coemergência ao lhe atribuirmos significados ou mesmo
sustentá-los como reais.
Penso
que sustentamos coisas não inerentes como inerentes, devida às nossas fixações,
através das tendências aos desejos e apegos que faz com que damos nascimento a
essas coisas e passamos a entende-las como reais, fixas e não transitórias,
pois comumente, tendemos a nos fixar aos nossos hábitos, fixar-nos a forma como
damos nascimento as coisas. A partir desse hábito aonde damos nascimentos a
coisas irreais pelo fato delas não terem causa inerente, transformamos coisas
irreais em reais e então, criamos um aspecto de mente deludida (um hábito em
nos iludirmos através da forma como vemos e nos relacionamos com as coisas), e então,
seguimos em transformar o irreal em real (aqui temos a gênese de nossos
sofrimentos).
Esse
hábito (tendência) em criarmos uma mente que opera na delusão, é a fundamentação
e o alicerce que cria as bases para os nossos sofrimentos, pelo fato que é
justamente o aspecto do sofrimento e da delusão, que sustentamos e mantemos a
visão de ignorância (avidya) não percebendo os objetos como criação de nossa
própria mente, aonde essa têm a liberdade de dar infinitos nomes e impressões
as coisas vivenciadas.
Por
outro lado, quando começo a contemplar a possibilidade que os fenômenos que
vivencio no campo da minha consciência (pensamentos, sentimentos, imaginação,
qualquer tipo de estímulo mental) eles não têm natureza inerente, ou seja, eles
não nascem por si mesmos, mas sim, por um alguém que os observa e que dá
nascimento a eles, nesse sentido, a prática da contemplação dos fenômenos
mentais sobre a perspectiva da vacuidade e da coemergência, faz com que compreendamos
como estamos dando realidade ou nascimento as coisas. A partir dessa liberdade
da mente, podemos ir compreendendo que dar realidade a uma determinada coisa, nada
mais é que uma escolha pela própria liberdade da mente em fazê-la, aonde nesse
sentido, resolvo eleger o que é real e o que não é real.
Se
continuarmos a investigar a realidade que nos cerca sustentadas pela visão
alicerçadas na vacuidade e na coemergência, começamos a abrir espaço para criar
as “sinapse primordiais” para nos relembrarmos da natureza primordial, que só
essa, é não nascida, não criada, que nunca morre e sempre permanece, pois é
através dela, que tudo que vemos e damos realidade se sustenta.
@professormichelalves

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