sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Sobre a contemplação no tema da Vacuidade e da Coemergência


 

Sobre a contemplação no tema da Vacuidade e da Coemergência

 

Quando vamos contemplando que os objetos que surgem no campo da consciência eles têm inerência própria, ou seja, nascem por si mesmos, e da mesma forma, se mantém por si e morrem ou findam por si, sustentamos a esses como verdadeiros e não acreditamos que esses surgem pela liberdade da mente através do processo de vacuidade e de coemergência ao lhe atribuirmos significados ou mesmo sustentá-los como reais.

Penso que sustentamos coisas não inerentes como inerentes, devida às nossas fixações, através das tendências aos desejos e apegos que faz com que damos nascimento a essas coisas e passamos a entende-las como reais, fixas e não transitórias, pois comumente, tendemos a nos fixar aos nossos hábitos, fixar-nos a forma como damos nascimento as coisas. A partir desse hábito aonde damos nascimentos a coisas irreais pelo fato delas não terem causa inerente, transformamos coisas irreais em reais e então, criamos um aspecto de mente deludida (um hábito em nos iludirmos através da forma como vemos e nos relacionamos com as coisas), e então, seguimos em transformar o irreal em real (aqui temos a gênese de nossos sofrimentos).

Esse hábito (tendência) em criarmos uma mente que opera na delusão, é a fundamentação e o alicerce que cria as bases para os nossos sofrimentos, pelo fato que é justamente o aspecto do sofrimento e da delusão, que sustentamos e mantemos a visão de ignorância (avidya) não percebendo os objetos como criação de nossa própria mente, aonde essa têm a liberdade de dar infinitos nomes e impressões as coisas vivenciadas.

Por outro lado, quando começo a contemplar a possibilidade que os fenômenos que vivencio no campo da minha consciência (pensamentos, sentimentos, imaginação, qualquer tipo de estímulo mental) eles não têm natureza inerente, ou seja, eles não nascem por si mesmos, mas sim, por um alguém que os observa e que dá nascimento a eles, nesse sentido, a prática da contemplação dos fenômenos mentais sobre a perspectiva da vacuidade e da coemergência, faz com que compreendamos como estamos dando realidade ou nascimento as coisas. A partir dessa liberdade da mente, podemos ir compreendendo que dar realidade a uma determinada coisa, nada mais é que uma escolha pela própria liberdade da mente em fazê-la, aonde nesse sentido, resolvo eleger o que é real e o que não é real.

Se continuarmos a investigar a realidade que nos cerca sustentadas pela visão alicerçadas na vacuidade e na coemergência, começamos a abrir espaço para criar as “sinapse primordiais” para nos relembrarmos da natureza primordial, que só essa, é não nascida, não criada, que nunca morre e sempre permanece, pois é através dela, que tudo que vemos e damos realidade se sustenta. 

 

                                                                                                      @professormichelalves

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