segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

A MENTE COMO SUBPRODUTO DO CÉREBRO FADADA AS LEIS DA BIOLOGIA E A MENTE ENQUANTO UM ENTIDADE DE ORIGEM NÃO BIOLÓGICA

 


A MENTE COMO SUBPRODUTO DO CÉREBRO FADADA AS LEIS DA BIOLOGIA E A MENTE ENQUANTO UM ENTIDADE DE ORIGEM NÃO BIOLÓGICA

Em boa parte do século XX às ciências da psique foram influenciadas pelo behaviorismo que têm como modelo explicativo e de abordagem à investigação da natureza animal e humana através de seus comportamentos. Nesse tipo de abordagem se evita completamente utilizar-se da introspecção como forma de investigação de nossa própria mente e vivências pessoais, ou melhor dizendo, nessa forma de abordagem a mente, o interior é inexistente, o que existe são os fatores externos ambientais que influenciam os comportamentos e as ações dos sujeitos. Na segunda metade do século XX para frente, com a psicologia cognitiva, essa passou a olhar com mais cuidado a experiência subjetiva ao mesmo tempo que a tecnologia computacional avançava e então passa-se a fazer correlações da mente humana com um computador. É comum, percebermos essa narrativa dentro da ciência aonde o cérebro é entendido como uma máquina biológica e o mesmo torna-se análogo com relação às fenomenologias mais “sutis” como os pensamentos, memória, imaginação ou os processos mentais como um todo que passam a ser entendidos como a expressão ou os efeitos dessa máquina biológica. 

Com os avanços das chamadas neurociências, uma corrente de cientistas dessa área, concluem que a mente é uma espécie de subproduto das funções que o cérebro produz, como se a mente fosse uma matéria prima criada pelo próprio cérebro, como diz Alan Wallace: “alegam que toda a nossa experiência pessoal consiste de funções cerebrais, influenciadas pelo resto do corpo, pelo DNA, dieta, comportamento e meio ambiente. Em última análise, os seres humanos são robôs biologicamente programados, o que implica que, no essencial, não temos mais livre-arbítrio que quaisquer outros autômatos. Nossos programas são simplesmente mais complexos que aquelas máquinas feitas pelo homem. Mas nem todos os neurocientistas concordam. Alguns estão agora explorando os efeitos dos pensamentos e do comportamento no cérebro. Como geralmente consideram a mente uma propriedade emergente do cérebro, o que estão dizendo é que certas funções do cérebro influenciam outras funções. Por ora, contudo, não há um consenso claro sobre as implicações da pesquisa conduzida até aqui”, ou seja, entende-se aqui, que tudo advindo da mente (pensamentos, imaginação, memórias, imagens mentais e todo tipo de fenomenologia que consideremos do amplo espectro da consciência), são a consequência da estimulação e interação entre correlatos neurais da consciência (CNCs), aonde se acredita e não existe melhor palavra do que essa, crença, pois ainda hoje, afirmarmos que a interação de propriedades biológicas são as causas da produção de pensamentos ou tudo aquilo que atribuímos a mente, é nada mais, do que uma conjectura e nada mais do que isso! Essa hipótese abre caminhos bastante contraditórios ao meu ver, que poderíamos aferir que através dessa crença aonde a mente é fruto das interações biológicas naturais, que se criarmos um condição biológica isolada contendo toda a complexidade orgânica de elementos físico-químicos portadores de células nervosas e propriedades biológicas semelhantes as encontradas no cérebro, essas produziriam manifestações mentais, como pensamentos e etc. Se conduzirmos uma linha de raciocínio nessa perspectiva, poderíamos abrir precedentes para entender que talvez os reinos minerais e vegetais ou animais não humanos também manifestem aspectos da ordem da mente como sonhos, pensamentos, memórias entre outros, pelo simples fato de conterem essa natureza parcialmente comum aos humanos no que se limita as “sinfonias biológicas e químicas” que também acontecem nesses outros reinos, o que contraditoriamente, abre para um campo de investigação “o da mente e consciência” que comumente por boa parte dessa comunidade de neurocientistas que defendem a mente como subproduto do cérebro, ser uma faculdade exclusiva a espécie humana, mas que se analisarmos pelo prisma da biologia como gênese da vida mental, a mente e a consciência deveriam estar fervilhando entre outras espécies de animais assim como nos reinos vegetais e minerais, não é mesmo? Já que atribuímos os fenômenos mentais subordinando-os a esses fenômenos biológicos na espécie humana, por qual motivo, quando olhamos por esse mesmo prisma epistémico direcionado as outras espécies e reinos, desconsideramos a realidade consciêncial nessas outras expressões da vida?

Por outro lado, se entendermos que a natureza da mente, não é limitada ao espectro biológico da vida, poderíamos sim, compreender que existe mente-consciência operando em todos os outros reinos da natureza, o que numa perspectiva não biológica e materialista da mente diferentemente da ideia dos processos mentais serem correlatos neurais da consciência fadados ao reflexo de operações biológico-cerebrais, é possível de ser contemplada, que as manifestação dos pensamentos, sentimentos, memórias, sonhos e etc, mesmo que encontrando suas correspondências neurais, o que é um fato de base científica natural verificável, esses se entendidos a sua gênese por uma fonte não biológica e sim não material, mental, podem sim surgir em algum nível e de alguma forma, em todos os reinos.

Porém, quando olhamos para essa questão trazendo apenas a perspectiva materialista dominante aonde a mente passa a ser entendida como algo restrito a esfera biológica, nos parece absurdo a ideia de pensar que talvez as pedras, plantas e animais sonhem ou portem uma intrincada, complexa e rica manifestação psíquica, porém, nesse tipo de narrativa e crença “científica”, criamos terreno para pensarmos esse tipo de coisa. Em algum nível pela perspectiva materialista, é sabido que os reinos vegetais e animais também tenham sentimentos e emoções, mas quando contemplamos a crença de se achar que os mesmos são reflexos do funcionamento biológico e neural, damos margem a pensar que os mesmos também possam estar tendo processos semelhantes aos humanos. Entender que talvez os reinos minerais, vegetais e animais expressem manifestações dentro do amplo espectro fenomenológico do que classificamos como de ordem da mente, não é nada absurdo do ponto de vista não material da mente, mas quando olhamos isso do ponto de vista material, nos defrontamos com o quanto é absurdo pensar que mente é subproduto do cérebro e de interações biológicas da matéria.

Por qual motivo, as neurociências estão tão fixadas com a ideia de eleger correlatos neurais da consciência, encontrando essas áreas estimuladas em regiões específicas de nosso cérebro conforme recebemos estímulos exteriores ou o criamos internamente como numa ação voluntária ao intencionarmos por exemplo um pensamento ou uma imagem em nossa tela mental e afirmarem que pelo fato de terem conseguido mapear as correlações neurais no cérebro enquanto nos utilizávamos de faculdades do pensamento, que poderíamos afirmar que as funções biológicas fossem a resposta para a criação de todo espectro de fenômenos da mente e das coisas que fazemos com essa? Por que não podemos, apenas contemplar a ideia, de que nosso cérebro é apenas um hardware que recebe inputs vibracionais de uma consciência (software) mais ampla, aonde a partir dessa consciência, tudo passa a ter um sentido e ai compreendemos que cérebro e seus mecanismos biológicos, são apenas componentes físicos para que possam traduzir esses inputs vibracionais sutis (não físicos) recebidos pelos pensamentos através da nossa consciência que por si só, não têm em sua origem, nenhum vestígio material ou biológico?

                                                                                                                            @professormichelalves

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