A MENTE COMO SUBPRODUTO DO CÉREBRO FADADA AS LEIS DA BIOLOGIA E A MENTE ENQUANTO UM ENTIDADE DE ORIGEM NÃO BIOLÓGICA
Em
boa parte do século XX às ciências da psique foram influenciadas pelo
behaviorismo que têm como modelo explicativo e de abordagem à investigação da
natureza animal e humana através de seus comportamentos. Nesse tipo de
abordagem se evita completamente utilizar-se da introspecção como forma de
investigação de nossa própria mente e vivências pessoais, ou melhor dizendo,
nessa forma de abordagem a mente, o interior é inexistente, o que existe são os
fatores externos ambientais que influenciam os comportamentos e as ações dos
sujeitos. Na segunda metade do século XX para frente, com a psicologia
cognitiva, essa passou a olhar com mais cuidado a experiência subjetiva ao
mesmo tempo que a tecnologia computacional avançava e então passa-se a fazer
correlações da mente humana com um computador. É comum, percebermos essa
narrativa dentro da ciência aonde o cérebro é entendido como uma máquina
biológica e o mesmo torna-se análogo com relação às fenomenologias mais “sutis”
como os pensamentos, memória, imaginação ou os processos mentais como um todo
que passam a ser entendidos como a expressão ou os efeitos dessa máquina
biológica.
Com
os avanços das chamadas neurociências, uma corrente de cientistas dessa área,
concluem que a mente é uma espécie de subproduto das funções que o cérebro
produz, como se a mente fosse uma matéria prima criada pelo próprio cérebro,
como diz Alan Wallace: “alegam que toda a
nossa experiência pessoal consiste de funções cerebrais, influenciadas pelo
resto do corpo, pelo DNA, dieta, comportamento e meio ambiente. Em última
análise, os seres humanos são robôs biologicamente programados, o que implica
que, no essencial, não temos mais livre-arbítrio que quaisquer outros
autômatos. Nossos programas são simplesmente mais complexos que aquelas máquinas
feitas pelo homem. Mas nem todos os neurocientistas concordam. Alguns estão
agora explorando os efeitos dos pensamentos e do comportamento no cérebro. Como
geralmente consideram a mente uma propriedade emergente do cérebro, o que estão
dizendo é que certas funções do cérebro influenciam outras funções. Por ora,
contudo, não há um consenso claro sobre as implicações da pesquisa conduzida
até aqui”, ou seja, entende-se aqui, que tudo advindo da mente
(pensamentos, imaginação, memórias, imagens mentais e todo tipo de
fenomenologia que consideremos do amplo espectro da consciência), são a
consequência da estimulação e interação entre correlatos neurais da consciência
(CNCs), aonde se acredita e não existe melhor palavra do que essa, crença, pois
ainda hoje, afirmarmos que a interação de propriedades biológicas são as causas
da produção de pensamentos ou tudo aquilo que atribuímos a mente, é nada mais,
do que uma conjectura e nada mais do que isso! Essa hipótese abre caminhos
bastante contraditórios ao meu ver, que poderíamos aferir que através dessa
crença aonde a mente é fruto das interações biológicas naturais, que se
criarmos um condição biológica isolada contendo toda a complexidade orgânica de
elementos físico-químicos portadores de células nervosas e propriedades
biológicas semelhantes as encontradas no cérebro, essas produziriam
manifestações mentais, como pensamentos e etc. Se conduzirmos uma linha de
raciocínio nessa perspectiva, poderíamos abrir precedentes para entender que
talvez os reinos minerais e vegetais ou animais não humanos também manifestem
aspectos da ordem da mente como sonhos, pensamentos, memórias entre outros,
pelo simples fato de conterem essa natureza parcialmente comum aos humanos no
que se limita as “sinfonias biológicas e químicas” que também acontecem nesses
outros reinos, o que contraditoriamente, abre para um campo de investigação “o
da mente e consciência” que comumente por boa parte dessa comunidade de
neurocientistas que defendem a mente como subproduto do cérebro, ser uma faculdade
exclusiva a espécie humana, mas que se analisarmos pelo prisma da biologia como
gênese da vida mental, a mente e a consciência deveriam estar fervilhando entre
outras espécies de animais assim como nos reinos vegetais e minerais, não é
mesmo? Já que atribuímos os fenômenos mentais subordinando-os a esses fenômenos
biológicos na espécie humana, por qual motivo, quando olhamos por esse mesmo
prisma epistémico direcionado as outras espécies e reinos, desconsideramos a
realidade consciêncial nessas outras expressões da vida?
Por
outro lado, se entendermos que a natureza da mente, não é limitada ao espectro
biológico da vida, poderíamos sim, compreender que existe mente-consciência
operando em todos os outros reinos da natureza, o que numa perspectiva não
biológica e materialista da mente diferentemente da ideia dos processos mentais
serem correlatos neurais da consciência fadados ao reflexo de operações
biológico-cerebrais, é possível de ser contemplada, que as manifestação dos
pensamentos, sentimentos, memórias, sonhos e etc, mesmo que encontrando suas
correspondências neurais, o que é um fato de base científica natural
verificável, esses se entendidos a sua gênese por uma fonte não biológica e sim
não material, mental, podem sim surgir em algum nível e de alguma forma, em
todos os reinos.
Porém,
quando olhamos para essa questão trazendo apenas a perspectiva materialista
dominante aonde a mente passa a ser entendida como algo restrito a esfera
biológica, nos parece absurdo a ideia de pensar que talvez as pedras, plantas e
animais sonhem ou portem uma intrincada, complexa e rica manifestação psíquica,
porém, nesse tipo de narrativa e crença “científica”, criamos terreno para
pensarmos esse tipo de coisa. Em algum nível pela perspectiva materialista, é sabido
que os reinos vegetais e animais também tenham sentimentos e emoções, mas
quando contemplamos a crença de se achar que os mesmos são reflexos do
funcionamento biológico e neural, damos margem a pensar que os mesmos também
possam estar tendo processos semelhantes aos humanos. Entender que talvez os
reinos minerais, vegetais e animais expressem manifestações dentro do amplo
espectro fenomenológico do que classificamos como de ordem da mente, não é nada
absurdo do ponto de vista não material da mente, mas quando olhamos isso do
ponto de vista material, nos defrontamos com o quanto é absurdo pensar que
mente é subproduto do cérebro e de interações biológicas da matéria.
Por
qual motivo, as neurociências estão tão fixadas com a ideia de eleger
correlatos neurais da consciência, encontrando essas áreas estimuladas em
regiões específicas de nosso cérebro conforme recebemos estímulos exteriores ou
o criamos internamente como numa ação voluntária ao intencionarmos por exemplo
um pensamento ou uma imagem em nossa tela mental e afirmarem que pelo fato de
terem conseguido mapear as correlações neurais no cérebro enquanto nos
utilizávamos de faculdades do pensamento, que poderíamos afirmar que as funções
biológicas fossem a resposta para a criação de todo espectro de fenômenos da
mente e das coisas que fazemos com essa? Por que não podemos, apenas contemplar
a ideia, de que nosso cérebro é apenas um hardware que recebe inputs
vibracionais de uma consciência (software) mais ampla, aonde a partir dessa
consciência, tudo passa a ter um sentido e ai compreendemos que cérebro e seus
mecanismos biológicos, são apenas componentes físicos para que possam traduzir
esses inputs vibracionais sutis (não físicos) recebidos pelos pensamentos
através da nossa consciência que por si só, não têm em sua origem, nenhum
vestígio material ou biológico?
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