A INVESTIGAÇÃO BIOLÓGICA DA MENTE E A
INVESTIGAÇÃO INTROSPECTIVA DA MENTE A PARTIR DE NÓS MESMOS
Quando
pensamos no amplo espectro do que significa “a mente” entendendo-a como algo
não limitado a uma visão biológica ou material da vida e por não ser através da
investigação laboratorial física que compreenderemos a sua natureza, mas sim de
uma maneira de investigação aonde o laboratório torna-se a própria prática
contemplativa do sujeito, a partir de sua própria humanidade, compreendemos que
nós mesmos tornamo-nos o instrumento dessa jornada de investigação. Sempre
gosto de contemplar sobre os possíveis terrenos inexplorados pela nossa ciência
que ainda não estão sendo investigados com a devida atenção e nesse aspecto a
meditação e a própria natureza da mente nos dias de hoje vem sendo muito bem
investigada do ponto de vista das ciências naturais e epistemologias materialistas
como no caso das neurociências que olham para o tema a partir das relações da
mente e da introspecção meditativa ligando às suas fenomenologias como
pensamentos, emoções, sentimentos a correlatos neurais biológicos, porém, a
investigação da mente nas neurociências dá por encerrada suas pesquisas aos
limites da biologia pelo simples fato
das epistemologias das ciências naturais não terem abertura a estudar qualquer
entidade de ordem do não físico, como no caso da mente.
As
pesquisas e achados que veem sendo desenvolvidos pelas neurociências são de
inquestionável relevância, mas ainda falta também as ciências naturais e
humanas, debruçarem-se sobre esses temas do ponto de vista de epistemologias
não materialistas e investigarem a natureza da mente a partir de métodos
introspectivos de meditação, como diz Alan Wallace: “Contemplativos no Oriente e no Ocidente, porém, exploraram a natureza
da mente, da consciência e a identidade humana, e creio que iluminaram
dimensões da realidade que continuam em grande parte inexploradas no mundo
moderno”; em dois outros artigo que escrevi intitulado: “Aonde a linguagem
e o conceito não alcançam, poderemos ser conduzidos apenas pelo silêncio” e “A
Introspecção Yogue como novas perspectivas para a ciência” nesses artigos,
discuto justamente esses pontos de dimensões da realidade que continuam não
sendo exploradas pelo mundo moderno através das ciências e até mesmo da grande
maioria das práticas culturais-religiosas, mas que foram sistematicamente
exploradas por contempladores (meditadores) ocidentais e orientais.
O
ponto é que, quando colocamos em pauta, que determinados fenômenos do amplo
espectro do que se pode entender como mente e consciência, num entendimento
aonde a mente não é subproduto de um cérebro, ou seja, que essa é advinda de
organizações mais sutis ou não físicas, ou pelo o menos de um espectro de
natureza física que não conseguimos identificar com os nossos instrumentos de
captação da realidade material ou também como realmente entendo, de espectros
de realidades não físicas mesmas, aonde entendemos que toda natureza física ou
material dos objetos conforme vamos adentrando em sua essência ou em seu
universo subatômico não existe como apontado pelo físico Max Planck ou não
portadores de natureza e realidade inerentes, portanto vazias se não fossem
imputadas pela nossa mente através da vacuidade como apontado pelos textos
tradicionais budistas tibetanos como por exemplo no “sutra do coração –
prajnaparamita”, entende-se que a forma como a investigamos a natureza da mente
por vias materiais biológicas não só é limitada, como é contraditória, por
exemplo: os físicos investigam os fenômenos físicos da realidade, os biólogos
os fenômenos biológicos, por que os neurocientistas e psicólogos, quando vão se
debruçar em investigar sobre a natureza da mente, fadam essas às leis
biológicas restringindo-as a partir de perspectivas biológicas, se a mente (seu
objeto de pesquisa) é de uma outra ordem de natureza? Quando olhamos por essa
perspectiva, vemos que há algo muito errado, do ponto de vista de selecionarmos
quem vai investigar o que, e diferentemente dos físicos e biólogos que ocupam o
devido lugar de suas investigações científicas, o mesmo não acontece com os
psicólogos e neurocientistas quando se colocam como protagonistas nas ciências
naturais a serem os investigadores da mente. Não a outra explicação para essa
bizarra naturalização no meio científico aonde psicólogos e neurocientistas com
seus arranjos epistémicos e paradigmáticos dentro da ciência naturais se colocarem
a pesquisar um fenômeno de ordem não biológica e não física como no caso da
mente, aonde a última coisa que fazem é pesquisar qualquer coisa ou
possibilidade de sondar esses espectros não físicos da natureza, ficando apenas
a dar voltas ao seu entorno, através de observações biológicas. Se não fosse
pelo simples fato de constatarmos o grande “tabu” que ainda existe nas ciências
naturais e em suas epistemologias quando o assunto é pesquisar a mente, a sua
natureza e as suas propriedades e abrirmos para o debate franco e honesto, que
essa não é regida por leis físicas e biológicos e sim por leis não físicas ou
espirituais, penso que essa delimitação estúpida, em limitar a investigação da
mente ou do não físico a partir de leis biológicos, é como levar o seu relógio
quebrado em um sapateiro, não faz sentido algum!
@professormichelalves
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