quarta-feira, 26 de julho de 2023

O CIENTIFICAMENTE COMPRAVADO JÁ FOI PRÉ-DETERMINADO POR PREMISSAS QUE DELINEAM O QUE PODE SER CIENTÍFICO OU NÃO E NESSE CASO, A INTROSPECÇÃO JÁ FICOU DE FORA ANTES DE COMEÇAR A CONCORRER, POIS SUAS PREMISSAS, NÃO SÃO PERMITIDAS


 

B. Alan Wallace em seu livro: Mente em equilíbrio diz que: “A origem da palavra “meditação” pode ser identificada na raiz verbal indo-europeia “med”, que significa “considerar” ou “medir”. No cristianismo primitivo, a meditação era um meio experiencial de adquirir discernimento direto, contemplativo, sobre a natureza da realidade. Mas na escolástica medieval e na filosofia moderna, a meditação foi reduzida a considerações racionais, introspectivas. Tendo em vista compreender o universo externo da matéria, a ciência elaborou suas próprias “meditações” sob a forma de medições de processos físicos que podem ser confirmadas por todos os observadores competentes”. Quando pensamos na perspectiva do Cristianismo primitivo, aonde entende-se a meditação como um meio experiencial de adquirir discernimento direto, contemplativo sobre a natureza da realidade, vemos que essa também forma epistémica de investigar a realidade, foi deixada ao descrédito conforme as ciências naturais avançavam. Até certo ponto, podemos entender que essa “boa nova” alicerçada pela metodologia empírica e experimental conforme iam tendo resultados com fatos comprováveis e reprodutíveis, foi de certa maneira esperado, e até mesmo natural, o distanciamento de uma proposta de investigação da realidade que não trazia resultados de maneira tão concretos, físicos. Em outras palavras, até certo ponto é compreensível que em um mundo permeado pela natureza e os estímulos externos a nossa volta e por todo aparato biológico-sensorial que carregamos evolutivamente para experimentá-la, é esperado que fiquemos mais convencidos com aquilo que se apresenta de forma objetiva do que aquilo que se apresenta dentro do espectro da subjetividade, ou daquilo que sabemos que ocorre algum tipo de fenômeno, mas por algum motivo, não conseguimos provar e reproduzir sempre que queremos ou não temos os meios ou recursos para demonstrá-los (fato muito comum, relatado pelos praticantes de meditação e pelas pessoas que trabalham com curas energéticas e espirituais). Penso ser uma batalha perdida e injusta, quando tentamos eleger como base epistémica a introspecção meditativa como forma de investigar a natureza da mente, tendo essa forma de abordagem a obrigatória subordinação a bases epistémicas que só colocam algo dentro do espectro da realidade, se esse algo for de ordem material-física-biológica. Quando comparamos às ciências da introspecção meditativa ou mesmo as ciência humanas que lidam no espectro da subjetividade com às ciências naturais, justamente pelo fato destas serem mais convincentes no que diz respeito “a provar fisicamente” os seus resultados aos olhos nus (nossos sentidos sensoriais), vemos simplesmente que se trata aqui, de uma concorrência inexistente e que já têm os seus vencedores. Quando pensamos nas bases epistémicas que alicerçam o seu “modus operandis” a partir das ciências naturais que a todo momento, procuram o correlato de seus experimentos em provas matérias e objetivas se comparados a bases epistémicas que lidam com a dimensão do humano-subjetivo ou mesmo do não físico, como as tradições espirituais, vemos que essas últimas, tendem a ficar em completa desvantagem, pois o parâmetro para o que classificamos como verdade, tendo apenas a resultante física dos experimentos, faz com que nessa linha de raciocínio, não há espaço para variáveis humanas-subjetivas e não-físicas espirituais como elementos a serem investigados e também serem variáveis a serem consideradas dentro de qualquer tipo de experimento, por isso, reafirmo, ser uma batalha perdida e injusta, aonde temos claramente um vencedor bem delineado que será o narrador do que pode ser cientificamente comprovado ou não, ou seja, o jogo institucional científico já está montando e com esses, seus vencedores já ocupam seus respectivos pódios, antes mesmo da corrida começar! Na realidade, a corrida, é apenas uma distração, para acreditarmos que existe um vencedor justo!

@professormichelalves

 

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